MOVIMENTO DE INCLINAÇÃO
Parece claro que o nível de força ótimo para o movimento dentário tem que ser alto o bastante para estimular atividade celular, sem ocluir completamente os vasos sanguíneos do ligamento periodontal. Tanto a quantidade de força liberada em um dente, quanto a área do ligamento sobre a qual a pressão será distribuída , são importantes para determinar o efeito biológico. A resposta do ligamento é determinada não somente pela força, mas também pela pressão por unidade de área. Já a distribuição das forças no ligamento periodontal e, subsequentemente a pressão, diferem nos vários tipos de movimento dentário, tornando-se necessário especificar o tipo de movimento, tanto quanto a quantidade de força para proporcionar níveis de pressão ótimos para os objetivos ortodônticos.
Langlade admite que as condições mecânicas de nossos dispositivos ortodônticos são, às vezes, capazes de aumentar consideravelmente a força aplicada. É assim que as forças qualificadas como leves podem impor ao dente uma pressão extremamente elevada, com muito mais danos que as forças chamadas pesadas. Daí a necessidade do profissional conhecer bem a biomecânica dos sistemas ortodônticos, propostos ao longo de nossos tratamentos, efetuando diversos movimentos dentários, cada um podendo ser descrito a partir de um centro de referência.
INCLINAÇÃO
Segundo Reitan o movimento de inclinação pode ser considerado como o movimento dentário mais seguro e biológico. Isto se deve, principalmente, ao fato do movimento fisiológico dos dentes ocorrer em forma de inclinação. Durante o tratamento ortodôntico, um dente pode ser inclinado com certas variações em direção vestibulo-lingual ou mesio-distal. O resultado característico de uma inclinação é quase sempre a formação de uma zona hialinizada ligeiramente abaixo da crista alveolar.
De acordo com Proffit, movimentos de inclinação são produzidos quando uma força simples (p. ex., uma mola estendida de um aparelho removível) é aplicada contra a coroa de um dente. Quando isto é feito, o dente gira em torno de seu centro de resistência em um ponto localizado aproximadamente no terço apical da raiz (figura 10). Quando o dente gira desta forma, o ligamento periodontal é comprimido próximo ao ápice do mesmo lado da mola e da crista alveolar do lado oposto à mola. Pressão máxima do ligamento é criada na crista alveolar e no ápice. Progressivamente, menos pressão é criada próximo ao centro de resistência.
Forças utilizadas para inclinar dentes devem ser bastante baixas. Tanto os experimento em animais quanto os experimentos clínicos em humanos, sugerem que as forças de inclinação não deveriam exceder 50 g.
TRANSLAÇÃO
Burstone e Norton definem o movimento de translação como uma força distribuida de forma relativamente uniforme ao longo da superfície radicular. O centro de rotação, no movimento de translação, está no infinito. Pode-se demonstrar que uma única força, agindo através do centro de resistência do dente, produz uma translação pura do mesmo.
Clinicamente Proffit acha necessário a aplicação de duas forças simultaneamente sobre a coroa de um dente para se conseguir o movimento de translado. Desta forma, a coroa e o ápice radicular movem-se na mesma direção e quantidade, comprimindo o ligamento periodontal uniformemente. Torna-se claro que, para produzir a mesma pressão em todo o ligamento e, portanto, a mesma resposta biológica, o dobro da força deve ser necessário para o movimento de corpo, em relação ao movimento de inclinação .
Segundo Reitan a hialinização, durante o movimento de translação inicial, ocorre em grande parte por fatores mecânicos. Clinicamente observa-se que não existe translação sem o movimento de inclinação logo após o início do movimento ortodôntico.
ROTAÇÃO
De acordo com Proffit, forças para produzir rotação de um dente em torno de seu longo eixo poderiam ser maiores do que aquelas para produzir outro tipo de movimento dentário, já que a força pode ser distribuida por todo o ligamento, em vez de uma faixa estreitamente vertical. No entanto, é essencialmente impossível aplicar uma força rotacional de forma que o dente não incline em seu alvéolo e, quando isto acontece, uma área de compressão é criada como em qualquer outro movimento de inclinação. Devido a isto, forças adequadas para rotação são similares àquelas de inclinação.
Langlade afirma que quando se trata de um dente monorradicular, cuja raiz possui uma forma arredondada em cortes transversais, o ligamento periodontal recebe uma distribuição bastante satisfatória. Todas as fibras periodontais estão sujeitas às forças de rotação, por unidade de superfície, de maneira proporcional. Mas, a maioria dos dentes tem raízes ovais ou múltiplas; nestes casos, zonas de contração fazem surgir pressões mais significativas, podendo enfraquecer os ângulos. Quase sempre produz-se uma absorção marginal sem gravidade, com uma participação muito pequena do osso adjacente neste deslocamento.
A correção de um dente em posição rotada é considerada um procedimento bastante simples. Segundo Reitan, do ponto de vista histológico, a transformação tissular que ocorre durante a rotação está influenciada pelas disposições anatômicas das estruturas de supoorte. Em trabalhos experimenteis, sobre rotação de dentes, é possível distinguir os terços cervicais, médios e apicais da raiz dentária. Na região cervical, a maioria das fibras periodontais estão formadas pelo grupo de fibras gengivais livres e transseptais. As fibras principais do terço médio e apical estão ancoradas na superfície radicular e no osso alveolar, e as fibras supralveolares estão conectadas com todo o sistema fibrilar das regiões supralveolares. Esta diferença na fixação das fibras tem demonstrado ser de grande importância, especialmente durante o período de contenção. Após a rotação de um dente, o estiramento das fibras gengivais livres podem provocar o deslocamento das
fibras colágenas, elásticas e oxitalânicas colocadas a uma certa distância do dente que se está movendo.Um movimento de rotação pode provocar certas variações no tipo de resposta tissular observada nos lados de pressão.Em certas ocasiões, ocorre hialinização e absorção óssea solapante em um dos lados de pressão, enquanto que em outros ocorre absorção óssea direta. Estas variações são provocadas principalmente pela posição do dente em relação aos contatos proximais e também pela magnitude da força. Como em outros tipos de movimento dentário, é favorável a aplicação de forças leves durante o período inicial de tratamento. Após a rotação, durante 3 ou 4 semanas, finaliza-se a absorção solapante e prevalece a absorção óssea direta sobre os lados de pressão.
Do lado de tensão, no terço médio, formar-se-ão novas espículas óssea ao longo das fibras dispostas de maneira mais ou menos oblíquas. Este estiramento das fibras periodontais coincide com a formação de cemento celular na superfície radicular. Em alguns casos, encontraremos do lado de tensão um grande aumento na espessura da camada de cemento. Do lado de pressão pouco cemento será depositado.
O estiramento e disposição oblíqua das fibras de suporte requerem um período de contenção maior, após terminado o tratamento. É necessário advertir que o espaço periodontal aumenta em muito pela absorção óssea após a rotação. Além disso, o novo osso depositado no lado de tensão está formado, em parte, por espículas ósseas não calcificadas. O novo osso fasciculado pode reordenar-se com facilidade depois da remoção do aparelho, pela contração do feixe de fibras deslocados e estirados. A presença de fibras elásticas e oxitalânicas na região cervical aumenta a contração das estruturas supra-alveolares, originando a tendência à recidiva.
VERTICALIZAÇÃO
Para Wilheln, verticalização é um movimento bastante semelhante ao de inclinação. Entretanto, a coroa permanece estática enquanto o ápice se desloca. Este movimento é muito empregado durante o fechamento de espaços de extração.
Durante o movimento de verticalização, devido à aplicação da força ser exercida sobre o ápice do dente, há entre este e a crista alveolar uma área de atrito, na qual pode resultar em absorção radicular.
Quando verticalizamos um dente que sofreu inclinação, devemos nos lembrar que a zona de pressão no movimento de verticalização é a antiga zona de tensão durante a inclinação e lá se encontra o osteóide, que pode opor-se ao movimento desejado. Este fenômeno apresenta maiores incovenientes em adultos, se o osso neoformado for de natureza fibrosa e pouco sujeito a absorção. O dente encontrará uma zona atrófica e pode resultar em absorção radicular.
TORQUE
Afirma Langlade, que durante o movimento de torque, o ponto de apoio ou centro de rotação situa-se no bracket ou outro acessório qualquer em uso. Graças à composição das forças utilizadas a raiz se desloca, enquanto a coroa mantém-se fixa.
O torque pode ser anterior ou posterior:
a) o torque anterior corresponde ao movimento efetuado sobre os incisvos, para que ao final do tratamento eles estejam em uma relação aceitável entre si e com o restante da face do paciente;
b) o torque posterior não tem indíces pré-estabelecidos por nenhum autor. É incorporado a um ou mais dentes do segmento posterior, com o intuito de alcançar melhor interdigitação cuspidária.
Devido ao volume das raízes dos dentes posteriores e a dificuldade de impedir o movimento coronário, o operador associa, muitas vezes, o movimento de inclinação (coronária) com o movimento de torque (radicular), ao trabalhar nos segmentos posteriores.
Quanto ao sentido de deslocamento da raiz, o torque pode ser chamado de radículo-vestibular ou radículo-lingual.
Reitan admite que pode-se demonstrar mecanicamente a tendência da porção coronária mover-se em direção oposta.
Durante o movimento inicial de torque, a área de pressão coloca-se habitualmente na região média da raiz. Isto ocorre porque o ligamento periodontal tem comumente maior espessura no terço apical do que no terço médio. Após a absorção das partes ósseas correspondentes ao terço médio, a superfície apical da raiz gradualmente comprimirá as fibras periodontais adjacentes, e se estabelecerá uma zona de pressão mais ampla.
EXTRUSÃO
Para Proffit movimentos extrusivos, idealmente, não produziriam áreas de compressão no ligamento, somente tensão. Como na rotação, é uma possibilidade mais teórica do que prática, já que o dente se inclina enquanto é extruído e áreas de compressão podem ser geradas. Mesmo se áreas de compressão pudessem ser evitadas, forças pesadas em tensão pura seriam indesejáveis, a menos que o objetivo seja a extração do dente sem o acompanhamento do osso alveolar. Forças extrusivas e também as de rotação deveriam ser da mesma magnitude daquelas para inclinação, ou seja, de 50 a 75 g.
O movimento de extrusão deve, às vezes, combater as forças de oclusão criadas pelas forças musculares. Surge a necessidade de aumentar a intensidade das forças ou de liberar as interferências oclusais dos dentes a movimentar. A utilização de placas de oclusão, acompanhadas de elásticos verticais, favorecerão uma extrusão deste tipo.
INTRUSÃO
Por muitos anos foi considerado essencialmente impossível a produção da intrusão dentária ortodôntica. Clinicamente, a intrusão tem sido demonstrada com sucesso, e tornou-se claro que para este tipo de movimento faz-se necessário um controle cuidadoso da magnitude da força, tanto que forças bem leves são aplicadas ao dente. Forças leves são necessárias para intrusão porque elas serão concentradas em uma área pequena do ápice radicular.
Reitan afirma que a intrusão dos dentes anteriores é melhor realizada durante períodos de crescimento ativo. Como resultado, aparece extrusão simultânea e variável dos dentes posteriores. Existindo um período de crescimento ativo, as cefalometrias tomadas antes e depois do tratamento revelarão um aumento geral das dimensõesverticais das estruturas faciais. Esta mudança das dimenções faciais podem causar certa dúvida acerca da real ocorrência de intrusão dos dentes anteriores. Por tanto, é possível fazer estudos sobre o efeito causado por forças de intrusão com maior exatidão, em indivíduos cujo período principal de crescimento já esteja concluído.
A absorção apical radicular, após a intrusão, depende em grande parte das características anatômicas que circundam a raiz. O exame de radiografias tomadas antes do tratamento pode dar informações acerca da forma e condições do osso adjacente e do ápice dos dentes a intruir. Em pacientes jovens, o ápice muitas vezes está rodeado por osso esponjoso e amplos espaços medulares, sendo necessário a utilização de forças leves e contínuas. Porém, se o osso da região apical é bastante compacto, como em adultos, forças leves e interrompidas serão necessárias. Isto dará tempo para que se inicie a proliferação celular e prevaleça a absorção frontal, quando os arcos forem reativados após o período de repouso.
Como em outros tipos de movimento dentário, a força aplicada durante o período inicial de intrusão pode determinar o grau definitivo de absorção radicular. Exercendo-se uma força definitivamente suave durante 5 a 6 semanas, será menor a tendência de absosrção radicular durante o posterior período de intrusão.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. Langlade, M., Terapeutica Ortodôntica, 3a Ed., Ed. Livraria Santos, São Paulo, p. 1-25, 1993.
2. Proffit, W.R., Fields Jr, H.W.; Ortodontia Contemporânea, Ed. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, cap. 09, 1995.
3. Reitan, K.; Tissue behavior during orthodontic tooth movement. Am. J. Orthod., 46: 881, 1960.
4. _________; Principios y reacciones biomecánicas, Editado por Graber T.M., Swain, B.F.; Ortodoncia. Principios Generales y Técnicas, Ed.Panamericana, Buenos Aires, 1988.
5. ________; Initial Tissue Behavior during Apical Root resorption. Angle Orthod., 44: 68-82, 1974.
6. ________; Effects of Force Magnetude and direction of Tooth Movement on different alveolar bone types. Angle Orthod., 34: 244-255, 1964.
7. Wilheln, R.S.; Movimento Dentário, Ortodontia, 8 (3): 261-273, set.-dez., 1975.
Parece claro que o nível de força ótimo para o movimento dentário tem que ser alto o bastante para estimular atividade celular, sem ocluir completamente os vasos sanguíneos do ligamento periodontal. Tanto a quantidade de força liberada em um dente, quanto a área do ligamento sobre a qual a pressão será distribuída , são importantes para determinar o efeito biológico. A resposta do ligamento é determinada não somente pela força, mas também pela pressão por unidade de área. Já a distribuição das forças no ligamento periodontal e, subsequentemente a pressão, diferem nos vários tipos de movimento dentário, tornando-se necessário especificar o tipo de movimento, tanto quanto a quantidade de força para proporcionar níveis de pressão ótimos para os objetivos ortodônticos.
Langlade admite que as condições mecânicas de nossos dispositivos ortodônticos são, às vezes, capazes de aumentar consideravelmente a força aplicada. É assim que as forças qualificadas como leves podem impor ao dente uma pressão extremamente elevada, com muito mais danos que as forças chamadas pesadas. Daí a necessidade do profissional conhecer bem a biomecânica dos sistemas ortodônticos, propostos ao longo de nossos tratamentos, efetuando diversos movimentos dentários, cada um podendo ser descrito a partir de um centro de referência.
INCLINAÇÃO
Segundo Reitan o movimento de inclinação pode ser considerado como o movimento dentário mais seguro e biológico. Isto se deve, principalmente, ao fato do movimento fisiológico dos dentes ocorrer em forma de inclinação. Durante o tratamento ortodôntico, um dente pode ser inclinado com certas variações em direção vestibulo-lingual ou mesio-distal. O resultado característico de uma inclinação é quase sempre a formação de uma zona hialinizada ligeiramente abaixo da crista alveolar.
De acordo com Proffit, movimentos de inclinação são produzidos quando uma força simples (p. ex., uma mola estendida de um aparelho removível) é aplicada contra a coroa de um dente. Quando isto é feito, o dente gira em torno de seu centro de resistência em um ponto localizado aproximadamente no terço apical da raiz (figura 10). Quando o dente gira desta forma, o ligamento periodontal é comprimido próximo ao ápice do mesmo lado da mola e da crista alveolar do lado oposto à mola. Pressão máxima do ligamento é criada na crista alveolar e no ápice. Progressivamente, menos pressão é criada próximo ao centro de resistência.
Forças utilizadas para inclinar dentes devem ser bastante baixas. Tanto os experimento em animais quanto os experimentos clínicos em humanos, sugerem que as forças de inclinação não deveriam exceder 50 g.
TRANSLAÇÃO
Burstone e Norton definem o movimento de translação como uma força distribuida de forma relativamente uniforme ao longo da superfície radicular. O centro de rotação, no movimento de translação, está no infinito. Pode-se demonstrar que uma única força, agindo através do centro de resistência do dente, produz uma translação pura do mesmo.
Clinicamente Proffit acha necessário a aplicação de duas forças simultaneamente sobre a coroa de um dente para se conseguir o movimento de translado. Desta forma, a coroa e o ápice radicular movem-se na mesma direção e quantidade, comprimindo o ligamento periodontal uniformemente. Torna-se claro que, para produzir a mesma pressão em todo o ligamento e, portanto, a mesma resposta biológica, o dobro da força deve ser necessário para o movimento de corpo, em relação ao movimento de inclinação .
Segundo Reitan a hialinização, durante o movimento de translação inicial, ocorre em grande parte por fatores mecânicos. Clinicamente observa-se que não existe translação sem o movimento de inclinação logo após o início do movimento ortodôntico.
ROTAÇÃO
De acordo com Proffit, forças para produzir rotação de um dente em torno de seu longo eixo poderiam ser maiores do que aquelas para produzir outro tipo de movimento dentário, já que a força pode ser distribuida por todo o ligamento, em vez de uma faixa estreitamente vertical. No entanto, é essencialmente impossível aplicar uma força rotacional de forma que o dente não incline em seu alvéolo e, quando isto acontece, uma área de compressão é criada como em qualquer outro movimento de inclinação. Devido a isto, forças adequadas para rotação são similares àquelas de inclinação.
Langlade afirma que quando se trata de um dente monorradicular, cuja raiz possui uma forma arredondada em cortes transversais, o ligamento periodontal recebe uma distribuição bastante satisfatória. Todas as fibras periodontais estão sujeitas às forças de rotação, por unidade de superfície, de maneira proporcional. Mas, a maioria dos dentes tem raízes ovais ou múltiplas; nestes casos, zonas de contração fazem surgir pressões mais significativas, podendo enfraquecer os ângulos. Quase sempre produz-se uma absorção marginal sem gravidade, com uma participação muito pequena do osso adjacente neste deslocamento.
A correção de um dente em posição rotada é considerada um procedimento bastante simples. Segundo Reitan, do ponto de vista histológico, a transformação tissular que ocorre durante a rotação está influenciada pelas disposições anatômicas das estruturas de supoorte. Em trabalhos experimenteis, sobre rotação de dentes, é possível distinguir os terços cervicais, médios e apicais da raiz dentária. Na região cervical, a maioria das fibras periodontais estão formadas pelo grupo de fibras gengivais livres e transseptais. As fibras principais do terço médio e apical estão ancoradas na superfície radicular e no osso alveolar, e as fibras supralveolares estão conectadas com todo o sistema fibrilar das regiões supralveolares. Esta diferença na fixação das fibras tem demonstrado ser de grande importância, especialmente durante o período de contenção. Após a rotação de um dente, o estiramento das fibras gengivais livres podem provocar o deslocamento das
fibras colágenas, elásticas e oxitalânicas colocadas a uma certa distância do dente que se está movendo.Um movimento de rotação pode provocar certas variações no tipo de resposta tissular observada nos lados de pressão.Em certas ocasiões, ocorre hialinização e absorção óssea solapante em um dos lados de pressão, enquanto que em outros ocorre absorção óssea direta. Estas variações são provocadas principalmente pela posição do dente em relação aos contatos proximais e também pela magnitude da força. Como em outros tipos de movimento dentário, é favorável a aplicação de forças leves durante o período inicial de tratamento. Após a rotação, durante 3 ou 4 semanas, finaliza-se a absorção solapante e prevalece a absorção óssea direta sobre os lados de pressão.
Do lado de tensão, no terço médio, formar-se-ão novas espículas óssea ao longo das fibras dispostas de maneira mais ou menos oblíquas. Este estiramento das fibras periodontais coincide com a formação de cemento celular na superfície radicular. Em alguns casos, encontraremos do lado de tensão um grande aumento na espessura da camada de cemento. Do lado de pressão pouco cemento será depositado.
O estiramento e disposição oblíqua das fibras de suporte requerem um período de contenção maior, após terminado o tratamento. É necessário advertir que o espaço periodontal aumenta em muito pela absorção óssea após a rotação. Além disso, o novo osso depositado no lado de tensão está formado, em parte, por espículas ósseas não calcificadas. O novo osso fasciculado pode reordenar-se com facilidade depois da remoção do aparelho, pela contração do feixe de fibras deslocados e estirados. A presença de fibras elásticas e oxitalânicas na região cervical aumenta a contração das estruturas supra-alveolares, originando a tendência à recidiva.
VERTICALIZAÇÃO
Para Wilheln, verticalização é um movimento bastante semelhante ao de inclinação. Entretanto, a coroa permanece estática enquanto o ápice se desloca. Este movimento é muito empregado durante o fechamento de espaços de extração.
Durante o movimento de verticalização, devido à aplicação da força ser exercida sobre o ápice do dente, há entre este e a crista alveolar uma área de atrito, na qual pode resultar em absorção radicular.
Quando verticalizamos um dente que sofreu inclinação, devemos nos lembrar que a zona de pressão no movimento de verticalização é a antiga zona de tensão durante a inclinação e lá se encontra o osteóide, que pode opor-se ao movimento desejado. Este fenômeno apresenta maiores incovenientes em adultos, se o osso neoformado for de natureza fibrosa e pouco sujeito a absorção. O dente encontrará uma zona atrófica e pode resultar em absorção radicular.
TORQUE
Afirma Langlade, que durante o movimento de torque, o ponto de apoio ou centro de rotação situa-se no bracket ou outro acessório qualquer em uso. Graças à composição das forças utilizadas a raiz se desloca, enquanto a coroa mantém-se fixa.
O torque pode ser anterior ou posterior:
a) o torque anterior corresponde ao movimento efetuado sobre os incisvos, para que ao final do tratamento eles estejam em uma relação aceitável entre si e com o restante da face do paciente;
b) o torque posterior não tem indíces pré-estabelecidos por nenhum autor. É incorporado a um ou mais dentes do segmento posterior, com o intuito de alcançar melhor interdigitação cuspidária.
Devido ao volume das raízes dos dentes posteriores e a dificuldade de impedir o movimento coronário, o operador associa, muitas vezes, o movimento de inclinação (coronária) com o movimento de torque (radicular), ao trabalhar nos segmentos posteriores.
Quanto ao sentido de deslocamento da raiz, o torque pode ser chamado de radículo-vestibular ou radículo-lingual.
Reitan admite que pode-se demonstrar mecanicamente a tendência da porção coronária mover-se em direção oposta.
Durante o movimento inicial de torque, a área de pressão coloca-se habitualmente na região média da raiz. Isto ocorre porque o ligamento periodontal tem comumente maior espessura no terço apical do que no terço médio. Após a absorção das partes ósseas correspondentes ao terço médio, a superfície apical da raiz gradualmente comprimirá as fibras periodontais adjacentes, e se estabelecerá uma zona de pressão mais ampla.
EXTRUSÃO
Para Proffit movimentos extrusivos, idealmente, não produziriam áreas de compressão no ligamento, somente tensão. Como na rotação, é uma possibilidade mais teórica do que prática, já que o dente se inclina enquanto é extruído e áreas de compressão podem ser geradas. Mesmo se áreas de compressão pudessem ser evitadas, forças pesadas em tensão pura seriam indesejáveis, a menos que o objetivo seja a extração do dente sem o acompanhamento do osso alveolar. Forças extrusivas e também as de rotação deveriam ser da mesma magnitude daquelas para inclinação, ou seja, de 50 a 75 g.
O movimento de extrusão deve, às vezes, combater as forças de oclusão criadas pelas forças musculares. Surge a necessidade de aumentar a intensidade das forças ou de liberar as interferências oclusais dos dentes a movimentar. A utilização de placas de oclusão, acompanhadas de elásticos verticais, favorecerão uma extrusão deste tipo.
INTRUSÃO
Por muitos anos foi considerado essencialmente impossível a produção da intrusão dentária ortodôntica. Clinicamente, a intrusão tem sido demonstrada com sucesso, e tornou-se claro que para este tipo de movimento faz-se necessário um controle cuidadoso da magnitude da força, tanto que forças bem leves são aplicadas ao dente. Forças leves são necessárias para intrusão porque elas serão concentradas em uma área pequena do ápice radicular.
Reitan afirma que a intrusão dos dentes anteriores é melhor realizada durante períodos de crescimento ativo. Como resultado, aparece extrusão simultânea e variável dos dentes posteriores. Existindo um período de crescimento ativo, as cefalometrias tomadas antes e depois do tratamento revelarão um aumento geral das dimensõesverticais das estruturas faciais. Esta mudança das dimenções faciais podem causar certa dúvida acerca da real ocorrência de intrusão dos dentes anteriores. Por tanto, é possível fazer estudos sobre o efeito causado por forças de intrusão com maior exatidão, em indivíduos cujo período principal de crescimento já esteja concluído.
A absorção apical radicular, após a intrusão, depende em grande parte das características anatômicas que circundam a raiz. O exame de radiografias tomadas antes do tratamento pode dar informações acerca da forma e condições do osso adjacente e do ápice dos dentes a intruir. Em pacientes jovens, o ápice muitas vezes está rodeado por osso esponjoso e amplos espaços medulares, sendo necessário a utilização de forças leves e contínuas. Porém, se o osso da região apical é bastante compacto, como em adultos, forças leves e interrompidas serão necessárias. Isto dará tempo para que se inicie a proliferação celular e prevaleça a absorção frontal, quando os arcos forem reativados após o período de repouso.
Como em outros tipos de movimento dentário, a força aplicada durante o período inicial de intrusão pode determinar o grau definitivo de absorção radicular. Exercendo-se uma força definitivamente suave durante 5 a 6 semanas, será menor a tendência de absosrção radicular durante o posterior período de intrusão.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. Langlade, M., Terapeutica Ortodôntica, 3a Ed., Ed. Livraria Santos, São Paulo, p. 1-25, 1993.
2. Proffit, W.R., Fields Jr, H.W.; Ortodontia Contemporânea, Ed. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, cap. 09, 1995.
3. Reitan, K.; Tissue behavior during orthodontic tooth movement. Am. J. Orthod., 46: 881, 1960.
4. _________; Principios y reacciones biomecánicas, Editado por Graber T.M., Swain, B.F.; Ortodoncia. Principios Generales y Técnicas, Ed.Panamericana, Buenos Aires, 1988.
5. ________; Initial Tissue Behavior during Apical Root resorption. Angle Orthod., 44: 68-82, 1974.
6. ________; Effects of Force Magnetude and direction of Tooth Movement on different alveolar bone types. Angle Orthod., 34: 244-255, 1964.
7. Wilheln, R.S.; Movimento Dentário, Ortodontia, 8 (3): 261-273, set.-dez., 1975.
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