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domingo, 29 de novembro de 2009

Diagnóstico de CLASSE III: Revisão de Literatura

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O diagnóstico em Ortodontia deve ser direcionado de acordo com a lista de problemas apresentados pelo paciente. A classificação de Angle, por ser simples e largamente conhecida pela comunidade odontológica, continua sendo amplamente utilizada. No entanto, devido às suas limitações,os aspectos verticais, transversos e até mesmo o perfil facial e problemas de espaço devem ser considerados para obtenção de um diagnóstico preciso,levando a uma correta conduta terapêutica. Durante anos, a Classe III esquelética e o prognatismo mandibular foram relacionados como sendo sinônimos, o que caracterizava a mandíbula como o componente ósseo diretamente envolvido no desenvolvimento da anomalia craniofacial. Hoje, sabe-se que vários tipos de padrões de combinação esquelética podem compor indivíduos com esta condição: o prognatismo mandibular, a retrusão maxilar ou a combinação de ambos podem ser a etiologia do problema. Alguns estudos demonstraram que, em média, 65% das más oclusões de Classe III estão associados a uma deficiência maxilar e que em 30% essa retrusão é devida a uma protrusão mandibular. Acreditava-se que a terapia ortodôntica para o tratamento da Classe III deveria se limitar a conter a protrusão mandibular e o aparelho eleito, normalmente, era a mentoneira. Sugawara et al., em 1990, verificaram que este aparelho produz um deslocamento maxilar para baixo e para frente, associado a um giro da mandíbula para baixo e para trás. No entanto, após o surto de crescimento, pacientes pertencentes ao grupo teste que utilizou mentoneira apresentaram resultados semelhantes aos do grupo controle. Mitani, Mitani e Furkazawa17, em 1986; Ritucci , Ritucci e Nanda, em 1986, e Sugawara, em 1990, concordaram que é praticamente impossível inibir o crescimento mandibular através da utilização da mentoneira, pois o potencial de crescimento inerente parece ter um papel mais decisivo. Em virtude disso, os ortodontistas evitavam, ao máximo, o tratamento precoce, por acreditarem que o prognatismo mandibular fosse a causa primária – e a impossibilidade do seu controle tornava o tratamento cirúrgico inevitável.O advento do conceito do envolvimento maxilar influenciou drasticamente a abordagem terapêutica, sendo impreterível o diagnóstico e o tratamento precoces. A má oclusão de Classe III decorrente de uma retrusão maxilar, ou mesmo de uma leve ou moderada protrusão mandibular, tem bom prognóstico frente ao tratamento precoce, que deve ser iniciado na dentadura decídua ou início da mista, antes do surto de crescimento puberal. Turpin29, em 1981, propôs um protocolo de orientação de acordo com características clínicas e cefalométricas que são positivas ou negativas a um tipo de tratamento precoce. As características positivas constituem: tipo facial convergente, deslocamento funcional ântero-posterior, crescimento condilar simétrico, paciente jovem (com crescimento remanescente), desarmonia esquelética média (ANB > -2), boa cooperação, ausência de prognatismo familiar e boa estética facial. Por outro lado, as características indicativas de negatividade são: tipo facial divergente, sem deslocamento ântero-posterior, crescimento assimétrico, crescimento finalizado, desarmonia esquelética severa (ANB < -2), pouca cooperação, padrão familiar estabelecido e estética facial pobre. O tratamento precoce atualmente preconizado compreende uma disjunção palatina prévia a uma protração da maxila. Capelozza Filho et al., em 2002, levantaram a hipótese de que o desarranjo criado nas relações entre a maxila e a mandíbula, com a expansão rápida da maxila e a tração da mesma, produz um incremento de crescimento maxilar significativo e um desajuste funcional que perturba a plena manifestação do crescimento mandibular. Haas (1961, apud NGAN, 1996) indicou a expansão rápida da maxila em indivíduos com má oclusão de Classe III cirúrgica e não-cirúrgica, com deficiência maxilar real ou relativa. Ressaltou que, com a expansão da maxila, ocorre uma separação da sutura mediana, com conseqüente deslocamento do ponto A para baixo e para frente. Ao se fazer a associação deste procedimento com a máscara facial, maior deslocamento pode ser obtido, poisa maxila apresenta-se mais suscetível à atuação de forças ortopédicas, pois ocorre também um efeito sobre as suturas maxilares. Viazis, em 1993, recomendou o uso do aparelho de disjunção palatal antes de iniciar a protração reversa da maxila, como uma forma de “desarticulá-la” e, com isso, facilitar o seu movimento para anterior. A dissociação sutural da maxila acaba produzindo um aumento da atividade celular das suturas circunmaxilares, acentuando a largura transversa da maxila e o efeito da protração do osso maxilar. Para este tratamento precoce, que é do tipo ortopédico, indica-se dois tipos de expansores palatinos: o aparelho de Haas adaptado para dentadura decídua e mista, pois este suporta e distribui equilibradamente as forças transmitidas pelo aparelho extrabucal; ou o aparelho Hyrax, que apresenta a mesma ação e eficácia que o Haas na região da sutura palatina, porém parece ser mais facilmente confeccionado, por se tratar de um aparelho pré-fabricado, diminuindo a hora laboratorial do profissional (este não possui a parte de apoio acrílico no palato, facilitando, assim, a higienização e impedindo o aparecimento de lesões nesta localidade, no decorrer das ativações). A ativação do parafuso expansor deve ser iniciada com ¾ de volta, para torná-lo um aparelho ortopédico, depois faz-se necessária uma ativação de ¼ de volta de dia e ¼ de volta à noite, até que a separação dos incisivos centrais superiores evidencie clinicamente a expansão maxilar. A partir disso, o parafuso expansor será ativado apenas ¼ de volta por dia. Quanto ao aparelho extrabucal, podemos utilizar o Sky-hook, preconizado por Hickhan em 1972 (mentoneira com ganchos verticais), ou a máscara facial, que pode ser a de Delaire (1971), Petit (1998) ou ainda a de Turley (1988). Optar por um ou outro aparelho dependerá das relações proporcionais verticais, pois a máscara facial produz maior componente vertical, incrementando a altura facial inferior. É importante citar que elásticos são colocados partindo de ganchos situados no aparelho expansor, que se encontram próximos dos caninos superiores, até os ganchos na máscara facial, promovendo uma tração para baixo e para frente da maxila. No que diz respeito às forças aplicadas, não existe unanimidade entre os autores, sendo que Oppenhein (1944) preconizou uma força de 110g para uso noturno, Nanda (1980) utilizou de 500 a 750g num período de 20 a 22 horas por dia, Turley (1988) adotou forças que variam de 150 a 600g nas 24 horas do dia, Mc- Namara (1987) prescreveu uma força de 450g durante 24 horas por dia e Hickham (1991) indicou que a protrusão maxilar requeria de 600 a 800g de força durante o dia todo. Mediante a protração da maxila, pode-se observar o movimento da maxila para frente e para baixo, giro da mandíbula no sentido horário, aumentodo 1/3 inferior da face, melhora do perfil, verticalização dos incisivos inferiores e aumento da inclinação vestibular dos incisivos superiores. Após esta etapa primária de tratamento, o indivíduo deve ser observado clínica e radiograficamente para uma reavaliação no grau de recolocação maxilar, no redirecionamento do crescimento mandibular e no estabelecimento das relações oclusais estáveis. A segunda fase do tratamento deve ser muito bem conduzida e um dos seus pontos principais é a avaliação quanto ao potencial de crescimento do paciente, devendo-se aguardar o término do surto puberal, com o objetivo de evitar recidiva durante ou após o tratamento. A ocorrência da recidiva pode dificultar o caso de maneira significativa, principalmente quando este envolve extrações. Este cuidado permite um planejamento adequado, que será realizado com camuflagem ou cirurgia ortognática, de acordo com a situação real do paciente ao término do crescimento. A segunda conduta é a montagem da aparatologia fixa e, nos casos favoráveis, é iniciado o tratamento ortodôntico, objetivando compensações dentárias que resultem na camuflagem da Classe III, evitando a cirurgia ortognática. Nos casos em que estes resultados sejam insatisfatórios, deve-se optar pelo preparo ortodôntico para a cirurgia, aguardando a época ideal para a realização deste procedimento, em torno de 18 anos para pacientes do gênero feminino e 21 para os do gênero masculino. Embora cronologicamente possa ser considerada longa, essa terapia é realizada em fases, concordando com a moderna filosofia ortodôntica de adequar, inicialmente, as bases ósseas e, posteriormente, realizar a Ortodontia corretiva, determinando uma relação custo-benefício positiva para o tratamento. Cabe lembrar aqui o papel dos aparelhos funcionais, os quais poderiam ser indicados para o tratamento da condição de Classe II na dentadura decídua e mista, porém não possuem a mesma aplicabilidade na má oclusão de Classe III, não sendo indicados no tratamento destes casos. Na terapia para tratamento da Classe III associada a uma deficiência maxilar, um tipo de aparelho muito utilizado na Ortopedia Facial é o Regulador Funcional de Fränkel III, ou simplesmente FR-3. O aparelho é composto por escudos vestibulares, que eliminam a pressão muscular, e amortecedores labiais superiores, com a finalidade de conter a ação dos músculos mastigatórios circundantes, que restringem o crescimento para frente da maxila e retraem os dentes superiores. A utilização do FR-3 em detrimento da terapia com a máscara facial é prejudicial em dois aspectos: o primeiro é que este aparelho funcional demora de 12 a 24 meses para produzir algumas das modificações atribuídas ao seu uso constante, enquanto a máscara facial corrige esta condição em apenas seis meses de emprego; o segundo aspecto é que, obviamente, o FR-3 tem um efeito muito maior sobre os tecidos moles associados à maxila do que propriamente um efeito esquelético, como o encontrado na máscara facial. Portanto, sua indicação não é para correção e sim como uma terapia iniciadora na dentadura decídua ou, ainda, como contenção de uso noturno pós-terapia com a máscara ortopédica facia. Outros aparelhos, tais como o Bionator de Balters e o Arco de Escheler ou Progenie, quando empregados no tratamento da Classe III, única e exclusivamente na dentadura decídua, produzem a retroinclinação dos incisivos inferiores e a vestibularização dos incisivos superiores,introduzindo um elemento de camuflagem dentária para uma discrepância esquelética. Pode-se,também, notar uma melhora na posição espacial da mandíbula (movimento para baixo e para trás). Em relação à maxila, o que ocorre é uma liberação para o seu crescimento e não uma protração ou avanço desta. ***Referencia Bibliográfica:
Miguel, J. A. M.; Canavarro, C.; Ferreira, J. P. M.; Brunharo, I. H. P.; Almeida, M. A. O.Diagnóstico de má oclusão de Classe III por alunos de graduação.R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 13, n. 6, p. 118-127, nov./dez. 2008

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TWIN BLOCK

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

Sabe-se que o aparelho Twin Block é considerado dento-suportado e, portanto, pode-se esperar um efeito dentoalveolar como resposta ao tratamento.
No primeiro estágio de seu desenvolvimento, o Twin Block foi concebido como um aparelho removível simples, com blocos de mordida que colocavam a mandíbula para frente, visando conseguir correção funcional de uma má oclusão de Classe II, divisão 1.
O tratamento da má oclusão de Classe III de Angle é conseguido invertendo-se os
planos oclusais inclinados, para aplicar um componente de força para adiante no arco superior,
além de forçar a mandíbula para trás. O aparelho também possui um parafuso sagital para avançar os incisivos superiores. O Twin Block para correção de má oclusão de Classe II é constituído de dois blocos de mordida, um superior e outro inferior, com planos inclinados
em 70°. Os dois blocos são desenhados para engrenarem-se de modo que a mandíbula ocupe
uma posição mais protruída. Os blocos de mordida superior e inferior possuem características particulares. Quando for utilizado parafuso expansor mediano no bloco inferior, o acrílico deve ser estendido até a região lingual dos molares durante a ativação do mesmo. Após o término da ativação, o acrílico pode ser removido,
permitindo uma erupção passiva (dentição mista) ou ativa (dentição permanente) dos molares inferiores.
REFERENCIA:

OLIBONE, v. l. l.; GUIMARÃES, A. S.; ATTA, J. Y.
Influência do aparelho propulsor Twin Block no crescimento mandibular: revisão sistemática da literatura.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 11, n. 1, p. 19-27, jan./fev. 2006.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CRESCIMENTO CRANIOFACIAL X TRATAMENTO ORTOPÉDICO

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APLICABILIDADE DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL NO TRATAMENTO ORTOPÉDICO
Sabe-se que a ossificação presente na maxila é de origem intramembranosa, com crescimento nas suturas , chamado de crescimento sutural. Esse tipo de osso responde a estímulos de pressão e tração , ou seja, quando há necessidadde de conter crescimento faz-se pressão para impedir formção de ossonos lados da sutura. por outro lado, quando há necessidade de produzir crescimento, faz-se uma distenção-TRAÇÃO-para que as suturas se separem e haja formação de osso, estimulando o crescimento. Isso é importante quando se faz protração de maxila em classe III, por exemplo, quando se protrai a maxila há formação de osso naquele espaço das suturas onde a maxila se articula, promovendo crescimento. Esses aparelhos exercem uma atividadde mecânica por estimularem crescimento por pressão e tração. Assim, é dito se tratar de Ortopedia Mecânica, por que trabalha atuando forças diretamente nas estruturas- suturas.
Já na mandíbula, apesar de existirem os dois tipos de ossificação, o principal é a ossificação endocondral- RESPONDE A ESTÍMULO MUSCULAR-, presente na cartilagem do Côndilo que é responsável pelo crescimento. na mandíbula aplica-se a Ortopedia Funcional porque trabalha atuando sobre as funções bucais, orientando-as através do trabalho muscular para que as funções que estejam causando algum problema passem a ajudar no desenvolvimento correto dos dentes e da face. É um trabalho executado pela musculatura. Os aparelhos ortopédicos precisam ser miodinâmicos para estimular crescimento. Em vista do fato de que a função exerce a matriz funcional, na mandíbula a matriz funcional principal seria a mastigação, ou os movimentos mastigatórios. Lembrando que a lateralidade será responsável pelo maior crescimento da mandíbula, nos caso de retrognatismo, porque produzirá estimulo suficiente no côndilo para aposição óssea. Quando ocorre distensão, pela lateralidade, o músculo produz distensão do ligamento e puxa a cartilagem, aquele espaço da cartilagem distendida é substituída por osso na ossificação endocondral e ocorre crescimento. Isso ocorre quando se usa, por exemplo, um aparelho para avanço. Pela nova posição de mordida, a mandíbula se encontra a frente da posição antes do aparelho, assim, o côndilo se encontra distendido e o espaço entre a nova posição e a antiga é preenchida por osso.


REFERÊNCIA:
  • OLIBONE, V. L. L.; GUIMARÃES, A. S.; ATTA, J. Y.
    Influência do aparelho propulsor Twin Block no crescimento mandibular: revisão sistemática da literatura. R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 11, n. 1, p. 19-27, jan./fev. 2006.

MORDIDA CONSTRUTIVA

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O passo mais crítico na construção do aparelho ortopédico facial é o registro da mordida
construtiva. É ela que determina a quantidade de deslocamento mandibular vertical e horizontal
e, portanto, o grau e a direção de ativação do aparelho. A mordida é registrada determinando-se
primeiramente a posição fisiológica de repouso da mandíbula e a partir daí a mesma é deslocada verticalmente de 1 a 4mm e horizontalmente de 5 a 8mm. O deslocamento vertical é usado para que o aparelho seja mantido em posição pelos músculos elevadores da mandíbula, distendidos pelo aparelho que, evitando o retorno da mandíbula à sua posição inicial, transfere a força para a maxila, que se transforma em unidade de ancoragem. As linhas medianas superior e
inferior devem alinhar-se na colocação para frente da mandíbula, no mesmo relacionamento da oclusão habitual. Se as linhas medianas não coincidem, deve-se determinar onde está o desvio, se na maxila ou na mandíbula.


CRESCIMENTO MANDIBULAR

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CRESCIMENTO MANDIBULAR

A mandíbula é classificada como um osso ímpar, apresentando como característica marcante o fato de ser o único osso móvel da face. Ela é considerada um osso longo de formato tubular, COMO SE tivesse sido dobrado no formato de uma ferradura, apresentando regiões especiais para inserção muscular e um processo para a fixação dentária. Em suas extremidades estariam localizados os côndilos, correspondentes aos centros de crescimento epifisário endocondral. Ao nascimento, uma fina linha de fibro-cartilagem divide a mandíbula na linha média, na sínfise mentoniana, em duas metades, direita e esquerda. No período entre quatro meses até o final do primeiro ano, esta cartilagem sinfisária é totalmente substituída por osso, fundindo suas porções em uma única unidade. **A cartilagem condilar é um centro de crescimento craniofacial e por conta disto, a morfologia da articulação temporomandibular (ATM) se torna um fator de interferência no processo de desenvolvimento do complexo craniofacial, onde qualquer alteração resultará na aceleração da maturação, principalmente nas áreas de compressão da cartilagem. O crescimento da cartilagem condilar mandibular é mais influenciado por fatores extrínsecos do que intrínsecos, diferentemente da cartilagem da epífise em ossos longos (Behrents, 1993).O crescimento da cartilagem condilar ocorre por aposição, incorporação de células condrogênicas à superfície da cartilagem; e crescimento intersticial, mitose de crondrócitos. No côndilo mandibular, os condrócitos se posicionam aleatoriamente distribuídos, conferindo ao côndilo a possibilidade de modificar a sua forma e adaptar-se conforme as solicitações funcionais. Durante o processo de envelhecimento esta cartilagem vai gradualmente diminuindo a sua espessura e atividade celular (Simões, 2003). Entretanto, o côndilo mandibular mantém em sua superfície uma camada de células mesenquimais indiferenciadas durante a fase adulta (Katchburian, 2004). O côndilo mandibular aumenta com o disco articular e fossa glenóide, envolvendo a formação de osso intramembranoso e endocondral, por crescimento aposicional , com algum intersticial, e diferenciação de cartilagem. A fossa glenóide cresce por relocação remodeladora anterior e desenvolvimento do tubérculo temporal (Dibbets, 1993). *A cartilagem hialina dos côndilos é responsabilizada pelo aumento em espessura, através de crescimento intersticial, juntamente com um crescimento aposicional. O crescimento desta cartilagem poderia ser classificado em duas fases de crescimento. Inicialmente, um crescimento em direção posterior e para fora fez-se notar, para promover a acomodação da lâmina dental em crescimento e dos germes dentários. Pouco depois, o crescimento ocorreu não somente nas duas primeiras direções, mas também em direção superior, provocando um deslocamento da mandíbula para frente e para baixo, incrementando a distância entre as maxilas e a mandíbula, de forma a providenciar o espaço necessário para o crescimento vertical do processo alveolar e posterior irrupção dos dentes. Durante o primeiro ano de vida, o crescimento tendeu a ser generalizado, ocorrendo nos rebordos alveolares, superfícies posteriores dos ramos ascendentes, côndilos e superfícies laterais de mandíbula. Após o primeiro ano, este crescimento tornou-se mais seletivo, ocorrendo em regiões específicas.TULLEY (1960) considerou a mandíbula como um osso longo com dois processos musculares e um processo dental. Os sítios de crescimento ativo foram descritos como as áreas de crescimento condilar através dos crescimentos aposicional e intersticial, impulsionando a mandíbula para baixo e para frente.ENLOW (1981, 1982) citou a tuberosidade lingual que apresentou grande atuação por localizar-se no limite entre as duas partes básicas de mandíbula: o ramo e o corpo. Ela cresceu em direção posterior e medial, como também pelo lado lingual do ramo, por aposição nas superfícies posteriores e nas porções internas das tuberosidades e ramos ascendentes, concomitantemente, fez-se uma reabsorção na região da fossa lingual e bordo anterior do ramo.O crescimento condilar apresentou um mecanismo de crescimento endocondral, somente nas porções articulares do côndilo, que cresceu através de um processo proliferativo em direção póstero-superior. Os lados bucal e lingual do colo dos côndilos foram, caracteristicamente, superfícies de reabsorção causando o estreitamento da mesma, definindo-a em relação aos côndilos.PROFFIT (1986), pensando sobre o crescimento mandibular, disse que o crescimento médio do ramo seria de 1,0 a 2,0 mm em altura, e o do corpo mandibular seria de 2,0 a 3,0 mm, em comprimento, por ano, até a puberdade.O padrão de rotação mandibular influenciou também a magnitude de irrupção dentária, adireção de irrupção, e, em última análise, a posição ântero-posterior dos incisivos. A rotação mandibular para cima e para frente alterou a direção de irrupção dos dentes inferiores, direcionando-os mais verticalmente, e causando a diminuição do perímetro do arco. Associou, assim, o maior grau de rotação interna da mandíbula em relação às maxilas com a diminuição do perímetro do arco mais acentuada na mandíbula do que nas maxilas, devido à rotação interna.

**REFERÊNCIAS*


  • adaptado de: EFEITO DO ESTÍMULO BIOMECÂNICO NO CRESCIMENTO DA MANDÍBULA, DO CÔNDILO E DO DISCO ARTICULAR EM CAMUNDONGOS JOVENS E IDOSOS -MARIA LUISA TAGLIARO- Tese apresentada como requisito para aobtenção do grau de Doutor, pelo Programa dePós-graduação em Gerontologia Biomédica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

  • Behrents, R. Crescimento facial adulto. In: Enlow D. Crescimento facial. 3ª ed., São Paulo: Editora Artes Médicas Ltda., 1993. Cap. 16, p. 409-29.

  • Dibbets, J. Introdução à articulação temporomandibular. In: Enlow D. Crescimento facial. 3ª ed., São Paulo: Editora Artes Médicas Ltda., 1993. Cap. 4, p. 145-54.

  • Katchburian, E. A., Arana, V. Articulação temporomandibular. In: Histologia e embriologia oral. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2004. Cap.11, p. 349-364.

  • Simões, W. Crescimento e ATM. In: Maciel NM e cols. ATM e dores craniofaciais. 1ª ed. São Paulo: Livraria Editora Santos Ltda., 2003. p. 7-17.

  • ** adaptado de:NOÇÕES BÁSICAS DE CRESCIMENTO MANDIBULAR- Equipe da Disciplina de Oclusão da FO da UERJ e Colaboradores in:www.oclusao.com.br/apostilas/pdf/crescim.pdf

Crescimento Vertical da maxila e Tratamento ortopédico

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Crescimento Vertical da maxila e Tratamento ortopédico

A maxila apresenta ossificação intramembranosa, ou seja , o crescimento ocorre nas suturas onde há osso de origem intramembranosa. Isto significa que a aposição óssea, responsável pelo crescimento, acontece nessa região de suturas. Esse osso intramembranoso responde às forças de pressão/ tração. Se houver deficiência de crescimento e precisar estimular, esse estímulo é feito através de tração das suturas. Separando-se as suturas ocorrerá aposição óssea e conseqüente crescimento. O inverso também é verdadeiro. Comprimindo-se as suturas, com pressão, evita-se o crescimento, nos casos de crescimento exagerado. Assim sendo, um crescimento de maxila muito vertical precisa ser controlado impedindo esse crescimento sutural. Como fazer? Para restringir o crescimento vertical há necessidade de aplicar uma força de pressão, no qual a sutura vai responder com o não crescimento. Este é o princípio do tratamento com o uso do Bionator de Balters para o controle do crescimento vertical da maxila. Por ele ter um bloco de mordida, a mandíbula exerce uma força contra a maxila e por conseqüência contra as suturas responsáveis pelo deslocamento vertical. Com isso realiza-se pressão nas suturas que impede aposição óssea nestes locais, impedindo o crescimento. Esse bloco de mordia não permite os movimentos mandibulares normais, como lateralidade, abertura, protrusão, assim concentrando toda a força da mandíbula contra a maxila.
CARELS e VAN DER LINDEN 20 afirmaram que, com o uso do Bionator, tem-se uma influência tanto no complexo nasomaxilar como na mandíbula, no sentido sagital e vertical. Toda vez que o paciente usa o aparelho, uma força generalizada age no sentido anterior e inferior, na mandíbula;
e posterior e superior, no complexo maxilar.

Referência Bibliográfica:
1. CARELS, C.; VAN DER LINDEN, P.M.G. Concepts
on functional appliances mode of action.
Am J Orthod Dentofacial Orthop, v.92,
n.2, p.162-168, aug. 1987.
2. Cristina Ortolani-Faltin, Kurt Faltin Junior.Bionator de Balters.Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial - V.3, Nº 6 - NOV./DEZ. 1998

ELÁSTICOS DE CLASSE I

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São aplicados a dentes em um mesmo arco dentário e, por isso, são chamados de elásticos intramaxilares. Sua indicação é no fechamento de espaços, retração de dentes, correção de giroversões ou como auxiliares em diferentes mecânicas
ortodônticas.
A correção de giroversões pode ser feita com a utilização de botões colados na face vestibular e lingual do dente girado, bem como nos dentes vizinhos, associada ao uso de elásticos, formando um binário de forças para essa correção.
Outra utilização dos elásticos é como coadjuvante de diferentes mecânicas ortodônticas. Na técnica segmentada de retração e intrusão simultânea de incisivos, o elástico é utilizado para criar uma força de distalização dos dentes ântero-superiores. Concomitantemente a essa força, a alça de intrusão gera uma força intrusiva.
Além disso, o tracionamento de dentes inclusos com o auxílio de elásticos associados à placa de acrílico removível ou aparelhos fixos apresenta-se muito favorável e de grande aplicação clínica. Quando se utilizam aparelhos removíveis, Cabrera et al.1
indicam uma força de 100-150g, com a vantagem da utilização de ancoragem dentomucosuportada.
REFERÊNCIA bIBLIOGRÁFICA:
1. CABRERA, M. C. et al. Elásticos em Ortodontia: comportamento e aplicação clínica. R Dental Press Ortodon Ortop facial, Maringá, v. 8, n. 1, p. 115-129, 2003.
2. Lívia B. Loriato, André Wilson Machado, Wellington Pacheco.Considerações clínicas e biomecânicas de elásticos em Ortodontia.R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 5, n. 1 - fev./mar. 2006.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sistema RANK/RANKL e Movimento Ortodôntico

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A osteoclastogênese pode ser regulada via ativação do sistema RANK/RANKL (receptor ativador do fator nuclear kapa B/ ligante do receptor do fator nuclear kapa B), que é mediado pelos osteoblastos.
As citoquinas,tais como a interleucina-6 (IL-6), interleucina-1 beta (IL-1ß), fatores de necrose tumoral (TNFs) e interleucina- 11 (IL-11), as quais são conhecidas por apresentar atividade
osteoclástica, e a caracterização de moléculas mais novas, como o fator de ativação do receptor de ativação nuclear kappa B (RANK) e seu ligante (RANKL), a osteoprotegrina (OPG) e a proteína inflamatória dos macrófagos (MIP-1α) têm sido úteis para a base do desenvolvimento
de novas terapias.
Aumento em citocinas pró-iinflmatórias(IL1,6,8 e TNFa)correlaciona-se aos locais de compressão do ligamento periodontal.Indução osteoclástica, representada por pré-osteoblastos mononucleares, primeiro ocorre nos espaços vasculares e medulares da crista alveolar, seguido por aumento no espaço do ligamento periodontal.-sugerindo que a scitocinas são importantes iniciadores da osteoclastogênese em movimento dental.
RANK é um peptídeo de 616 aminoácidos na superfície das células precursoras de osteoclastos. RANKL é um peptídeo de 317 aminoácidos. É produzido por células da linhagem osteoblástica e células T ativadas. Quando RANKL é expressado por células da linhagem osteoblástica é uma célula redonda e quando expressado por linfócitos T é solúvel. RANKL mRNA é expressado mais em osso e medula óssea tão bem quanto tecidos linfóides.
Os efeitos biológicos de RANKL são produzidos quando ele se liga a RANK. O papel de RANKL, junto com outra proteína, M-CSF(a qaul se liga a seu receptor c-fms) é promover: formação de osteoclasto,fusão, diferenciação,ativação, sobrevivência, assim melhorando a reabsorção óssea. Portanto, é uma molécula de importância reconheciada na reabsorção óosea, o que é bastante peculiar o seu conhecimento para entender os processos relacionados ao movimento ortodôntico, assim como ao da reabsorção radicular.

***Referência Bibliográfica:

Tyrovola J B, Spyropoulos M N, Makou M and Perrea D. Root resorption and the OPG-RANK-RANKL system: a mini review. Journal of oral Science, Vol 50, no. 04, 367-376, 2008.

sábado, 3 de outubro de 2009

Elásticos de Classe II

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Elásticos de Classe II

Caracterizam-se por apoiarem-se na região do canino superior
a um molar inferior, podendo ser o primeiro ou o segundo (Fig. 8).
Podem ser fixados em ganchos presos no fio, ou diretamente nos
dentes, por meio de ganchos presentes em acessórios como braquetes
e tubos, ou em fios amarrados no braquete que servirão
de locais para fixação dos elásticos. Uma alternativa é a utilização
de arcos auxiliares como o sliding-jig, que potencializa o efeito de
distalização nos molares superiores
São indicados no tratamento da má oclusão de Classe II, com o
intuito de exercer uma força distal nos dentes superiores e mesial no
arco inferior. Entretanto, essas forças geralmente não são paralelas
ao plano oclusal, resultando em componentes verticais e horizontais
de força, que dependerão da localização e da distância entre os
pontos de fixação dos elásticos. Quanto maior for essa distância
ântero-posterior, a componente vertical de força poderá ser menor e a
componente horizontal será maior. Dessa forma, a extensão do canino
superior até o segundo molar inferior pode minimizar os efeitos extrusivos
e potencializar a componente horizontal da mecânica aplicada15.
Com referência à magnitude de força, Cabrera et al.7 indicam a utilização
de 200-250g na mecânica com elástico de Classe II.
Philippe15 sugeriu que, além da análise mecânica, faz-se necessária
uma análise individual de cada paciente, de acordo com
o padrão muscular e o crescimento esquelético. Segundo o autor,
o elástico de Classe II tradicional está mais indicado em casos de
pacientes com Classe II moderada e dimensão vertical normal,
utilizando-se um fio o mais rígido possível no arco superior para
controle dos efeitos indesejados. Isso é necessário para anular um
componente vertical de força que tende a extruir os incisivos superiores
e os molares inferiores, o que resultaria na inclinação do
plano oclusal para baixo e para frente.
O mesmo autor15 contra-indica esse tipo de elástico em pacientes
Classe II, divisão 1, e face curta (padrão hipodivergente)
e em Classe II, divisão 2, com mordida profunda devido ao efeito
indesejado no plano oclusal, no giro da mandíbula e na extrusão
dos dentes anteriores superiores. Da mesma forma, contra-indica
em pacientes Classe II com face longa (padrão hiperdivergente),
pois a extrusão dos molares inferiores causaria um giro horário da
mandíbula, prejudicando o aspecto facial convexo e aumentando a
altura facial ântero-inferior.
Na verdade, o uso de elásticos não deve ser dispensado devido
aos efeitos indesejados que provocam. Deve-se, na verdade,
compreender os efeitos favoráveis, de acordo com o planejamento
do caso, e associar outros recursos na mecânica utilizada que
possam contrapor as forças indesejadas associadas aos elásticos.
Dessa forma, não só os efeitos dentários, mas também os efeitos
faciais, podem ser equilibrados e resultados mais favoráveis podem
ser alcançados.
Um efeito colateral dos elásticos de Classe II, comumente encontrado
na clínica ortodôntica, é o giro mesial dos molares inferiores.
Vale salientar que esse tipo de efeito colateral não ocorre apenas
nos molares, mas em todos os dentes que sirvam de apoio aos elásticos,
pois a linha de ação da força sempre vai passar distante do centro de
resistência dos dentes.
Para minimizar esses efeitos indesejados, podem ser utilizados arcos
pesados como os retangulares, arcos com stops justos aos acessórios
dos molares, arcos com dobras de pré-ativação, arcos linguais ou palatinos
ou outro recurso biomecânico que irá contrapor esses efeitos.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Classificação da ancoragem ortodôntica

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Classificação da ancoragem ortodôntica
A ancoragem pode ser definida como a quantidade de movimentação do
bloco posterior (molares e pré-molares) quando do fechamento de espaço de
extração com a i nalidade de se atingir os objetivos do tratamento. Ela pode
variar de absoluta (onde nenhum dente posterior deveria se movimentar para
mesial), moderada (onde metade do espaço da extração será ocupado pelo bloco
posterior e metade pela retração do anterior) ou ainda de leve, onde o bloco
posterior migraria livremente para mesial fechando todo o espaço da
extração. Segundo Nanda1, a ancoragem pode ser classificada da seguinte forma
(Fig. 30):
- Grupo A: Esta categoria descreve a manutenção crítica dos dentes
posteriores em posição. Setenta e cinco por cento ou mais de ancoragem dos
dentes posteriores é requerida para a retração do bloco anterior (Fig. 30B).
- - Grupo B: Esta categoria descreve um fechamento de espaço relativamente
simétrico com movimento igual da bateria posterior e da anterior durante o
fechamento de espaço (Fig. 30C).
- - Grupo C: Esta categoria descreve uma ancoragem pouco crítica. Setenta e
cinco por cento ou mais do espaço necessário para fechamento da extração é
obtido por meio da movimentação mesial dos dentes posteriores (Fig. 30D).
A figura 31 ilustra a divisão do espaço da extração de acordo com estas
categorias e permite ao clínico desenvolver um plano de tratamento específico
para as necessidades de cada paciente.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ajuste Oclusal no tratamento Ortodôntico

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Ajuste Oclusal
O ajuste oclusal (coronoplastia) é o estabelecimento de força oclusal fisiológica, pela reformulação dos dentes através de desgaste seletivo12.
As regras fundamentais para realizar o ajuste oclusal são12:
1. Minimizar a força lateral;
2. Não permitir alterações da dimensão vertical; e
3. Preparar um contorno dental adequado para estabelecer eficiência mastigatória ótima.
O ajuste oclusal realizado de 6 meses a 1 ano após o término das correções, possibilita, entre outros aspectos, a eliminação de interferências durante os movimentos funcionais da mandíbula, e o aumento do número de contatos na oclusão de relação cêntrica.Roth (1973) também adota o ajuste oclusal como método de refinamento dos resultados ortodônticos,porém, não de forma rotineira, pois, trata-se de um procedimento que exige muita precisão e consumo de tempo, devendo ser reservado apenas para os casos nos quais o tratamento ortodôntico não tenha
alcançado um resultado idea. É importante ressaltar que o ajuste oclusal, após o tratamento ortodôntico, é preconizado para o refinamento da oclusão e não para a solução de uma ortodontia má conduzida.É indicado aguardar no mínimo 3 meses, após a remoção do aparelho ortodôntico, para fazer o ajuste oclusal, e um refinamento do ajuste após 6 meses da remoção. É sugerido ainda que o ajuste deva ser checado 1 ano após para avaliar sua efetividade e estabilidade. Sobre a liberação do aparelho de
contenção, é indicada uma nova conferência da oclusão nesta data, 3 meses, 6 meses e 1 ano após, refinando-a sempre que for necessário, melhorando ou mantendo sua estabilidade. Outros autores, no entanto, afirmam que pode ser uma decisão prematura iniciar o equilíbrio oclusal antes de um ano, a não ser que as interferências sejam severas. Esta afirmação é baseada nos achados de que os dentes continuam a se acomodar por um a dois anos após o término do tratamento ortodôntico. A avaliação de casos com modelos montados em articulador após aproximadamente um ano após o
tratamento ortodôntico permitiriam que esta acomodação ocorresse. Riedel (1969) afirma o seguinte: “Temos sido mais conservadores ao tentar conseguir um equilíbrio oclusal após o tratamento ortodôntico, adotando a remoção de interferências na relação cêntrica e eliminando as interferências do chamado ‘lado de balanceamento’ durante a função. Não julgamos recomendável a tentetiva de se conseguir um balanceamento funcional perfeito logo após o tratamento ortodôntico. É nossa
impressão de que haverão outros fatores além das cargas funcionais que contribuirão para a ocorrência de modificações após o tratamento”.
O equilíbrio oclusal pode ter um papel de sistema de prevenção e manutenção do tratamento ortodôntico. O equilíbrio pós ortodontia deve ser realizado quando o tratamento ortodôntico não puder ser terminado quando o crescimento esteja completado. Durante o crescimento o relacionamento oclusal torna-se instável
podendo alterar o equilíbrio oclusal.
Ajuste Oclusal – Cuidados
A literatura é rica nos pontos de vista no que diz respeito às vantagens e desvantagens do ajuste oclusal.Muitos problemas com ajuste oclusais são fundamentais. Eles envolvem a falta de um contexto biológico e a falta de entendimento dos princípios da técnica. Ajustes oclusais defeituosos podem resultar numa fragmentação subjetiva, geralmente pela falta de um consentimento de informação e também devido a um rápido início de ajuste intraoral sem trazer benefícios à
mastigação. O chamado ponto de ranger, sem consideração da total função maxilomandibular, é a causa mais comum de problemas envolvendo ajustes oclusais defeituosos. Porque os ajustes dentários localizados são íntegros em muitos casos periodontais, os clínicos devem tomar cuidado em revisar as consequências em potencial desses ajustes. Ironicamente, uma complicação significante de ajuste oclusal incompleto é que as discrepâncias oclusais podem aumentar, porém sujeitando os dentes anteriores a um trauma de oclusão.A complicação mais alarmante da terapia oclusal é o problema do senso oclusal positivo em “mordida fantasma”. O reconhecimento desta definição é importante, porque os ajustes oclusais só pioram o
problema. Um correto manejo dental desses casos evita o auxílio dos pacientes que têm um conceito exagerado de que alguma coisa está mecanicamente errada em sua mastigação. A “mordida fantasma” deverá ser suspeitada em casos de falta de resposta a um procedimento apropriado de ajuste oclusal.Ajustes oclusais repetitivos na dentição num paciente ansioso são contra-indicados.
Ajuste Olcusal – Algumas regras básicas
Durante o tratamento ortodôntico pode ser necessário realizar algum ajuste oclusal. Este ajuste deve seguir as mesmas regras básicas de um ajuste oclusal completo.
Regras gerais:
 Deve-se proteger sempre a Cúspide de Contenção Cêntrica (Cúspide palatinas superiores e
cúspides vestibulares inferiores).
 Cada 1 mm de desgaste (diminuição da dimensão vertical) na região dos molares
corresponde a 3 mm na região dos incisivos.
Ajuste em Relação Cêntrica:
Deve-se tomar os devidos cuidados quanto ao sistema neuro-protetivo e quanto à “mordida fantasma”.
Se o ponto prematuro é entre: Deve-se:
Cúspide X Fossa Aprofundar a fossa
Cúspide X Crista marginal Desgastar a crista marginal
Cúspide X Vertente Desgastar a vertente
Vertente X Vertente Desgastar a mais convexa
Casos atípicos (dentes extruídos, etc.) Avaliar a melhor opção para evitar exposição
de dentina.
Ajuste em movimentos de lateralidade:
Avaliar colocando uma tira de papel selofane entre os dentes. Ao final do movimento o papel deve estar
solto.
Marcar os pontos de cêntrica de cor diferente dos contatos em lateralidade, de modo a poder identificar e
desgastar os contatos em lateralidade sem alterar os de cêntrica.
Os locais mais prováveis de se encontrar contatos prematuros em lateralidade são:
Se o ponto prematuro é entre: Deve-se:
Lado de trabalho:
Vertente Palatina da Cúspide Vestibular Superior
X
Vertente Vestibular da Cúspide Vestibular Inferior
Desgastar a primeira (Vertente Palatina
da Cúspide Vestibular Superior, cúspide
de não trabalho)
Vertente Palatina da Cúspide Palatina Superior
X
Vertente Vestibular da Cúspide Lingual Inferior
Desgastar a segunda (Vertente
Vestibular da Cúspide de não trabalho
inferior)
Lado de balanceio:
Vertente Vestibular da Cúspide Palatina Superior
X
Vertente Lingual da Cúspide Vestibular Inferior
Desgastar a mais convexa
Ajuste em movimento protrusivo:
Em caso de contato muito forte em incisivos, é aceitável desgastar a concavidade palatina do incisivo
superior ou a incisal do inferior. Após este procedimento é necessário reavaliar os contatos nas vertentes
*Referência:Importância da Oclusão no Tratamento Ortodôntico Dr. Lacy Lima Amorim
(Maio de 2004)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gengivas e colesterol ruim

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Um estudo, publicado no Journal of Periodontology, revela que a periodontite – inflamação nos tecidos moles em torno dos dentes que pode afetar gengivas, ossos e ligamentos – aumenta em até quatro vezes a possibilidade de os pacientes com a doença apresentarem níveis patológicos de triglicérides quando comparados a pacientes sem periodontite.
De acordo com o artigo, atualmente a doença periodontal tem sido associada a diversas patologias de natureza sistêmica, entre elas diabetes, doenças cardiovasculares, infecções pulmonares e partos de prematuros.
Trata-se de uma doença inflamatória e infecciosa produzida por bactérias gram-negativas presentes no biofilme dental que afetam o periodonto, isto é, os tecidos envolvidos na fixação do dente ao ossos. “Caracteriza-se por intensa infiltração inflamatória que causa perda progressiva da inserção conjuntiva e pode ocorrer em indivíduos saudáveis de qualquer idade”.
De acordo com Antônio Martins Figueiredo Neto, um dos autores do artigo, a pesquisa detectou uma forte correlação entre a doença periodontal e a aterosclerose. A doença aumenta a quantidade de lipoproteína de baixa densidade (LDL, na sigla em inglês), conhecida como “colesterol ruim”.
“Nossos resultados indicaram claramente que pacientes com periodontite crônica possuem altos níveis de LDL modificada, a grande vilã no desenvolvimento da aterosclerose, quando comparados com pacientes sãos. Após o tratamento periodontal, o nível de LDL modificada no plasma diminuiu”, disse Figueiredo Neto à Agência FAPESP.
Figueiredo Neto, que é professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), coordena dois projetos temáticos financiados pela FAPESP: “Fluidos complexos: cristais líquidos, coloides magnéticos e fluidos de interesse biológico e elastômeros” e “Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fuidos Complexos (INCT-FCx)”, este último em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Em ambos os projetos temáticos o objeto de estudo são os fluidos complexos. Dentre eles destaco os cristais líquidos e os coloides magnéticos (ou ferrofluidos)”, disse.
O trabalho publicado, segundo o pesquisador, envolveu um esforço multidisciplinar com a participação de físicos, imunologistas, odontólogos e matemáticos de várias universidades como a USP, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
“Não há dúvida de que em muitos problemas, em particular aqueles ligados à saúde e à ciência dos materiais, essa abordagem multidisciplinar é fundamental e propiciará saltos de qualidade até então não vislumbrados”, disse.
No Brasil, segundo ele, a pesquisa multidisciplinar no nível da que é desenvolvida no INCT-FCx ainda é muito incipiente. “Isso se explica parcialmente pela barreira existente entre os pesquisadores das diferentes ciências da natureza. Em muitos casos a linguagem e a abordagem dos problemas parecem ser muito diferentes. Entretanto, após vencer essa barreira notamos que há um ganho específico enorme para todos os pesquisadores envolvidos”, disse.

Nova técnica
Cerca de 40 pacientes com periodontite crônica participaram da pesquisa. Esses pacientes foram tratados e avaliados durante 12 meses. Para o estudo, os pesquisadores aplicaram uma nova técnica, a Varredura-Z, para a dosagem da quantidade de LDL modificada no plasma.
De acordo com Figueiredo Neto, a Varredura-Z é uma técnica de óptica não-linear. É comumente utilizada no estudo de materiais e o grupo de pesquisa a empregava para estudar propriedades de cristais líquidos e coloides magnéticos.
“Quando eu vi a estrutura de uma LDL notei que se assemelhava muito às micelas de cristais líquidos que estudávamos há mais de duas décadas. A partir daí veio a ideia de utilizar nossa técnica para investigar a assinatura não-linear da LDL e da LDL modificada. A surpresa veio quando verificamos que eram muito diferentes, possibilitando a sua identificação e quantificação”, explicou.
O cientista afirmou ainda que até hoje se utiliza apenas a quantidade de nível plasmático de LDL, sem detecção da quantidade de LDL modificada para avaliar o risco de desenvolvimento da aterosclerose.
“Apesar da sua má fama, a LDL é a lipoproteína mais abundante no plasma e a principal transportadora de colesterol para as células. É, portanto, essencial ao metabolismo celular”, disse.
De acordo com o estudo, os resultados mostraram que o nível plasmático da lipoproteína de alta densidade (HDL, na sigla em inglês), conhecida coloquialmente como “colesterol bom”, foi menor nos pacientes com periodontite.
E esses pacientes são portadores de um maior número de LDL modificadas quando comparados com os que não têm periodontite. Os resultados de Varredura-Z indicaram que a concentração de LDL modificada nos pacientes após o tratamento periodontal reduziu significativamente em comparação à dosagem determinada antes do tratamento.
Segundo o pesquisador, no momento o grupo investe em “várias frentes”. Estamos verificando a assinatura óptica não-linear de LDLs provenientes de diferentes indivíduos com diferentes fenótipos e grupos de risco. Por outro lado estamos pesquisando a origem dessa assinatura óptica do ponto de vista teórico. Essa compreensão ainda não está completa”, conta.
O artigo publicado no Journal of Periodontology sobre periodontite foi o primeiro. Mas o grupo já publicou outros trabalhos em revistas internacionais sobre o tema da LDL e a técnica de Varredura-Z.
Para ler o artigo Cardiovascular disease Parameters in Periodontitis, de Antonio Figueiredo Neto, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP),

Tratamento Ortodôntico em Adultos - Parte I

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Tratamento Ortodôntico em Adultos - Parte I

INTRODUÇÃO
O número de pacientes adultos que procuram o tratamento ortodôntico tem sido cada vez maior. As pesquisas do início da década de 90 mostraram que a porcentagem de pacientes adultos nos consultórios especializados em Ortodontia era de 30% e estimava-se um aumento dessa porcentagem para o final da década. Este aumento na demanda é uma conseqüência de 4 fatores: o primeiro deles é a utilização de medidas
preventivas na Odontologia, permitindo ao paciente atingir a idade adulta com um
número maior de dentes na boca o segundo fator é o aumento da exigência
estética da sociedade; o terceiro consiste no maior acesso à informação pela população, o que facilita ao paciente adulto saber que o tratamento ortodôntico é um recurso acessível, que pode ser utilizado para melhorar a aparência de seus
dentes ou até mesmo de sua face30, e o quarto fator é a modernização dos
aparelhos ortodônticos, mais estéticos e confortáveis. A maioria dos estudos considera como adulto o paciente acima de 18 anos de idade, no qual o crescimento formativo já está completo e a manipulação do mesmo através da terapia ortopédica não apresenta resultados satisfatórios. Além desta ausência de crescimento, o paciente adulto apresenta considerações especiais quando comparado aos jovens e crianças nas suas características psicossomáticas, periodontais, quanto à presença de interferências oclusais e alterações no sistema articular têmporo-mandibular.
Nos pacientes adultos, entretanto, os objetivos são eliminar a queixa do paciente e estabelecer uma oclusão fisiológica em áreas nas quais estejam ocorrendo desgastes de dentes, problemas pulpares ou periodontais e danos articulares decorrentes de relações oclusais patológicas30. Para atingir tais objetivos, geralmente optamos pelo
tratamento ortodôntico parcial que incorre em menores danos aos dentes e estruturas de suporte, apresenta um tempo de tratamento reduzido e resulta em maior estabilidade. As exceções são os casos com discrepâncias esqueléticas que necessitam
de tratamento combinado ortodôntico-cirúrgico.Um dos recursos utilizados no
tratamento parcial para a obtenção de espaço é o desgaste de dentes anteriores.
Este procedimento substitui,em muitos casos, a exodontia de dentes permanentes, permitindo a eliminação do apinhamento e da protrusão dentária por meio de um
tratamento rápido e localizado à área que necessita de correção, perpetuando o equilíbrio de áreas oclusais onde a estética e a oclusão sejam satisfatórias.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Movimentos Dentários

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MOVIMENTO DE INCLINAÇÃO

Parece claro que o nível de força ótimo para o movimento dentário tem que ser alto o bastante para estimular atividade celular, sem ocluir completamente os vasos sanguíneos do ligamento periodontal. Tanto a quantidade de força liberada em um dente, quanto a área do ligamento sobre a qual a pressão será distribuída , são importantes para determinar o efeito biológico. A resposta do ligamento é determinada não somente pela força, mas também pela pressão por unidade de área. Já a distribuição das forças no ligamento periodontal e, subsequentemente a pressão, diferem nos vários tipos de movimento dentário, tornando-se necessário especificar o tipo de movimento, tanto quanto a quantidade de força para proporcionar níveis de pressão ótimos para os objetivos ortodônticos.
Langlade admite que as condições mecânicas de nossos dispositivos ortodônticos são, às vezes, capazes de aumentar consideravelmente a força aplicada. É assim que as forças qualificadas como leves podem impor ao dente uma pressão extremamente elevada, com muito mais danos que as forças chamadas pesadas. Daí a necessidade do profissional conhecer bem a biomecânica dos sistemas ortodônticos, propostos ao longo de nossos tratamentos, efetuando diversos movimentos dentários, cada um podendo ser descrito a partir de um centro de referência.
INCLINAÇÃO
Segundo Reitan o movimento de inclinação pode ser considerado como o movimento dentário mais seguro e biológico. Isto se deve, principalmente, ao fato do movimento fisiológico dos dentes ocorrer em forma de inclinação. Durante o tratamento ortodôntico, um dente pode ser inclinado com certas variações em direção vestibulo-lingual ou mesio-distal. O resultado característico de uma inclinação é quase sempre a formação de uma zona hialinizada ligeiramente abaixo da crista alveolar.

De acordo com Proffit, movimentos de inclinação são produzidos quando uma força simples (p. ex., uma mola estendida de um aparelho removível) é aplicada contra a coroa de um dente. Quando isto é feito, o dente gira em torno de seu centro de resistência em um ponto localizado aproximadamente no terço apical da raiz (figura 10). Quando o dente gira desta forma, o ligamento periodontal é comprimido próximo ao ápice do mesmo lado da mola e da crista alveolar do lado oposto à mola. Pressão máxima do ligamento é criada na crista alveolar e no ápice. Progressivamente, menos pressão é criada próximo ao centro de resistência.


Forças utilizadas para inclinar dentes devem ser bastante baixas. Tanto os experimento em animais quanto os experimentos clínicos em humanos, sugerem que as forças de inclinação não deveriam exceder 50 g.
TRANSLAÇÃO

Burstone e Norton definem o movimento de translação como uma força distribuida de forma relativamente uniforme ao longo da superfície radicular. O centro de rotação, no movimento de translação, está no infinito. Pode-se demonstrar que uma única força, agindo através do centro de resistência do dente, produz uma translação pura do mesmo.

Clinicamente Proffit acha necessário a aplicação de duas forças simultaneamente sobre a coroa de um dente para se conseguir o movimento de translado. Desta forma, a coroa e o ápice radicular movem-se na mesma direção e quantidade, comprimindo o ligamento periodontal uniformemente. Torna-se claro que, para produzir a mesma pressão em todo o ligamento e, portanto, a mesma resposta biológica, o dobro da força deve ser necessário para o movimento de corpo, em relação ao movimento de inclinação .

Segundo Reitan a hialinização, durante o movimento de translação inicial, ocorre em grande parte por fatores mecânicos. Clinicamente observa-se que não existe translação sem o movimento de inclinação logo após o início do movimento ortodôntico.
ROTAÇÃO

De acordo com Proffit, forças para produzir rotação de um dente em torno de seu longo eixo poderiam ser maiores do que aquelas para produzir outro tipo de movimento dentário, já que a força pode ser distribuida por todo o ligamento, em vez de uma faixa estreitamente vertical. No entanto, é essencialmente impossível aplicar uma força rotacional de forma que o dente não incline em seu alvéolo e, quando isto acontece, uma área de compressão é criada como em qualquer outro movimento de inclinação. Devido a isto, forças adequadas para rotação são similares àquelas de inclinação.

Langlade afirma que quando se trata de um dente monorradicular, cuja raiz possui uma forma arredondada em cortes transversais, o ligamento periodontal recebe uma distribuição bastante satisfatória. Todas as fibras periodontais estão sujeitas às forças de rotação, por unidade de superfície, de maneira proporcional. Mas, a maioria dos dentes tem raízes ovais ou múltiplas; nestes casos, zonas de contração fazem surgir pressões mais significativas, podendo enfraquecer os ângulos. Quase sempre produz-se uma absorção marginal sem gravidade, com uma participação muito pequena do osso adjacente neste deslocamento.

A correção de um dente em posição rotada é considerada um procedimento bastante simples. Segundo Reitan, do ponto de vista histológico, a transformação tissular que ocorre durante a rotação está influenciada pelas disposições anatômicas das estruturas de supoorte. Em trabalhos experimenteis, sobre rotação de dentes, é possível distinguir os terços cervicais, médios e apicais da raiz dentária. Na região cervical, a maioria das fibras periodontais estão formadas pelo grupo de fibras gengivais livres e transseptais. As fibras principais do terço médio e apical estão ancoradas na superfície radicular e no osso alveolar, e as fibras supralveolares estão conectadas com todo o sistema fibrilar das regiões supralveolares. Esta diferença na fixação das fibras tem demonstrado ser de grande importância, especialmente durante o período de contenção. Após a rotação de um dente, o estiramento das fibras gengivais livres podem provocar o deslocamento das
fibras colágenas, elásticas e oxitalânicas colocadas a uma certa distância do dente que se está movendo.Um movimento de rotação pode provocar certas variações no tipo de resposta tissular observada nos lados de pressão.Em certas ocasiões, ocorre hialinização e absorção óssea solapante em um dos lados de pressão, enquanto que em outros ocorre absorção óssea direta. Estas variações são provocadas principalmente pela posição do dente em relação aos contatos proximais e também pela magnitude da força. Como em outros tipos de movimento dentário, é favorável a aplicação de forças leves durante o período inicial de tratamento. Após a rotação, durante 3 ou 4 semanas, finaliza-se a absorção solapante e prevalece a absorção óssea direta sobre os lados de pressão.
Do lado de tensão, no terço médio, formar-se-ão novas espículas óssea ao longo das fibras dispostas de maneira mais ou menos oblíquas. Este estiramento das fibras periodontais coincide com a formação de cemento celular na superfície radicular. Em alguns casos, encontraremos do lado de tensão um grande aumento na espessura da camada de cemento. Do lado de pressão pouco cemento será depositado.
O estiramento e disposição oblíqua das fibras de suporte requerem um período de contenção maior, após terminado o tratamento. É necessário advertir que o espaço periodontal aumenta em muito pela absorção óssea após a rotação. Além disso, o novo osso depositado no lado de tensão está formado, em parte, por espículas ósseas não calcificadas. O novo osso fasciculado pode reordenar-se com facilidade depois da remoção do aparelho, pela contração do feixe de fibras deslocados e estirados. A presença de fibras elásticas e oxitalânicas na região cervical aumenta a contração das estruturas supra-alveolares, originando a tendência à recidiva.
VERTICALIZAÇÃO

Para Wilheln, verticalização é um movimento bastante semelhante ao de inclinação. Entretanto, a coroa permanece estática enquanto o ápice se desloca. Este movimento é muito empregado durante o fechamento de espaços de extração.
Durante o movimento de verticalização, devido à aplicação da força ser exercida sobre o ápice do dente, há entre este e a crista alveolar uma área de atrito, na qual pode resultar em absorção radicular.
Quando verticalizamos um dente que sofreu inclinação, devemos nos lembrar que a zona de pressão no movimento de verticalização é a antiga zona de tensão durante a inclinação e lá se encontra o osteóide, que pode opor-se ao movimento desejado. Este fenômeno apresenta maiores incovenientes em adultos, se o osso neoformado for de natureza fibrosa e pouco sujeito a absorção. O dente encontrará uma zona atrófica e pode resultar em absorção radicular.
TORQUE

Afirma Langlade, que durante o movimento de torque, o ponto de apoio ou centro de rotação situa-se no bracket ou outro acessório qualquer em uso. Graças à composição das forças utilizadas a raiz se desloca, enquanto a coroa mantém-se fixa.
O torque pode ser anterior ou posterior:
a) o torque anterior corresponde ao movimento efetuado sobre os incisvos, para que ao final do tratamento eles estejam em uma relação aceitável entre si e com o restante da face do paciente;
b) o torque posterior não tem indíces pré-estabelecidos por nenhum autor. É incorporado a um ou mais dentes do segmento posterior, com o intuito de alcançar melhor interdigitação cuspidária.
Devido ao volume das raízes dos dentes posteriores e a dificuldade de impedir o movimento coronário, o operador associa, muitas vezes, o movimento de inclinação (coronária) com o movimento de torque (radicular), ao trabalhar nos segmentos posteriores.
Quanto ao sentido de deslocamento da raiz, o torque pode ser chamado de radículo-vestibular ou radículo-lingual.
Reitan admite que pode-se demonstrar mecanicamente a tendência da porção coronária mover-se em direção oposta.
Durante o movimento inicial de torque, a área de pressão coloca-se habitualmente na região média da raiz. Isto ocorre porque o ligamento periodontal tem comumente maior espessura no terço apical do que no terço médio. Após a absorção das partes ósseas correspondentes ao terço médio, a superfície apical da raiz gradualmente comprimirá as fibras periodontais adjacentes, e se estabelecerá uma zona de pressão mais ampla.
EXTRUSÃO

Para Proffit movimentos extrusivos, idealmente, não produziriam áreas de compressão no ligamento, somente tensão. Como na rotação, é uma possibilidade mais teórica do que prática, já que o dente se inclina enquanto é extruído e áreas de compressão podem ser geradas. Mesmo se áreas de compressão pudessem ser evitadas, forças pesadas em tensão pura seriam indesejáveis, a menos que o objetivo seja a extração do dente sem o acompanhamento do osso alveolar. Forças extrusivas e também as de rotação deveriam ser da mesma magnitude daquelas para inclinação, ou seja, de 50 a 75 g.
O movimento de extrusão deve, às vezes, combater as forças de oclusão criadas pelas forças musculares. Surge a necessidade de aumentar a intensidade das forças ou de liberar as interferências oclusais dos dentes a movimentar. A utilização de placas de oclusão, acompanhadas de elásticos verticais, favorecerão uma extrusão deste tipo.
INTRUSÃO

Por muitos anos foi considerado essencialmente impossível a produção da intrusão dentária ortodôntica. Clinicamente, a intrusão tem sido demonstrada com sucesso, e tornou-se claro que para este tipo de movimento faz-se necessário um controle cuidadoso da magnitude da força, tanto que forças bem leves são aplicadas ao dente. Forças leves são necessárias para intrusão porque elas serão concentradas em uma área pequena do ápice radicular.
Reitan afirma que a intrusão dos dentes anteriores é melhor realizada durante períodos de crescimento ativo. Como resultado, aparece extrusão simultânea e variável dos dentes posteriores. Existindo um período de crescimento ativo, as cefalometrias tomadas antes e depois do tratamento revelarão um aumento geral das dimensõesverticais das estruturas faciais. Esta mudança das dimenções faciais podem causar certa dúvida acerca da real ocorrência de intrusão dos dentes anteriores. Por tanto, é possível fazer estudos sobre o efeito causado por forças de intrusão com maior exatidão, em indivíduos cujo período principal de crescimento já esteja concluído.

A absorção apical radicular, após a intrusão, depende em grande parte das características anatômicas que circundam a raiz. O exame de radiografias tomadas antes do tratamento pode dar informações acerca da forma e condições do osso adjacente e do ápice dos dentes a intruir. Em pacientes jovens, o ápice muitas vezes está rodeado por osso esponjoso e amplos espaços medulares, sendo necessário a utilização de forças leves e contínuas. Porém, se o osso da região apical é bastante compacto, como em adultos, forças leves e interrompidas serão necessárias. Isto dará tempo para que se inicie a proliferação celular e prevaleça a absorção frontal, quando os arcos forem reativados após o período de repouso.

Como em outros tipos de movimento dentário, a força aplicada durante o período inicial de intrusão pode determinar o grau definitivo de absorção radicular. Exercendo-se uma força definitivamente suave durante 5 a 6 semanas, será menor a tendência de absosrção radicular durante o posterior período de intrusão.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. Langlade, M., Terapeutica Ortodôntica, 3a Ed., Ed. Livraria Santos, São Paulo, p. 1-25, 1993.
2. Proffit, W.R., Fields Jr, H.W.; Ortodontia Contemporânea, Ed. Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, cap. 09, 1995.
3. Reitan, K.; Tissue behavior during orthodontic tooth movement. Am. J. Orthod., 46: 881, 1960.
4. _________; Principios y reacciones biomecánicas, Editado por Graber T.M., Swain, B.F.; Ortodoncia. Principios Generales y Técnicas, Ed.Panamericana, Buenos Aires, 1988.
5. ________; Initial Tissue Behavior during Apical Root resorption. Angle Orthod., 44: 68-82, 1974.
6. ________; Effects of Force Magnetude and direction of Tooth Movement on different alveolar bone types. Angle Orthod., 34: 244-255, 1964.
7. Wilheln, R.S.; Movimento Dentário, Ortodontia, 8 (3): 261-273, set.-dez., 1975.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fios ortodônticos

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PROPRIEDADES
Para o entendimento das particularidades de cada fio, torna-se fundamental o conhecimento de algumas propriedades das ligas metálicas.
CARGA X DEFLEXÃO
O comportamento do fio ortodôntico quanto à sua liberação de forças,segue um desenho representado por um gráfico carga / deflexão, que registra a quantidade de força acumulada para cada milímetro de deformação. Seguindo a clássica lei de Hooke29, se um fio for flexionado para incluir no arco um dente que está desnivelado, haverá maior carga acumulada, quanto maior a distância de deflexão. Logo, para cada milímetro de aumento da ativação, o fio acumulará proporcionalmente mais carga. Deste modo, com o uso do aço inoxidável, que se comporta desta maneira, quanto mais mau posicionadoestiver este dente, haverá maior dispersão de carga, obviamente repercutindo sobre os dentes adjacentes. Entretanto, há um limite para esta deflexão. Diante de uma deflexão exagerada, este fio não volta mais a sua forma original, ou seja, ocorrerá uma deformação permanente. Isto acontece porque a deflexão ultrapassou o limite elástico do fio, também chamado de limite de proporcionalidade.
Após este ponto o fio não responderá com a mesma dissipação de carga. Quando o fio recebe tensão antes de atingir o seu limite elástico, responderá voltando à sua forma original, e portanto estará na sua fase elástica. Após o limite elástico, passará para a fase plástica, porque passa a mudar sua forma sem retornar à original.
*Referência: www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2008/01/65.pdf
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 4, p. 103-114, jul./ago. 2001

DOLICOFACIAIS E CONTOLE VERTICAL- MORDIDA ABERTA

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DOLICOFACIAIS E CONTOLE VERTICAL- MORDIDA ABERTA

Em pacientes dolicofaciais, devido à morfologia e tendência de crescimento mandibular horário, é muito comum a ocorrência de mordidas abertas, o que é ditado pelo pouco crescimento do ramo mandibular, maior abertura do ângulo goníaco, crescimento alveolar acentuado da região posterior e altura facial ântero-inferior aumentada com supra erupção dos dentes posteriores superiores. Além disso, observa-se uma reduzida altura vertical dentoalveolar anterior com vistas a “compensar” um problema estrutural esquelético.
O tratamento de escolha nestes pacientes seria a intrusão dos dentes posteriores ou um controle vertical de modo que os dentes posteriores não extruíssem, piorando o padrão vertical e aumentado a mordida aberta anterior. Nestes pacientes, a correção desta sobremordida negativa está associada às extrações dentárias com a verticalização dos dentes anteriores, visto que a mesialização dos segmentos posteriores está associada à extrusão dentária compensatória com vistas à preservação da dimensão vertical de oclusão durante o seu movimento para mesial, não ocorrendo a esperada intrusão dos dentes posteriores, o que seria favorável à correção da mordida aberta.
O controle vertical nos dentes posteriores é realizado por meio de dispositivos extrabucais de tração alta, bem como qualquer dispositivo ortodôntico que impeça a extrusão dos dentes posteriores, como barra transpalatina, botão de Nance ou Bite Block.
Sugere-se que para cada milímetro de intrusão molar, aproximadamente 3mm de redução da mordida aberta é observada na região anterior.
Em alguns raros pacientes dolicofaciais, faz-se presente uma sobremordida profunda, apesar do padrão esquelético vertical. Nestes pacientes, a reversão da curva de Spee inferior e acentuação da curva superior, especialmente fora da fase de crescimento, com vistas à correção da mordida profunda, poderá acarretar a extrusão dos dentes posteriores superiores, com a conseqüente rotação horária mandibular, e abertura da mordida anterior. Assim, pode haver também uma piora da sobressaliência (overjet) pela retrusão do mento devido a esta mesma rotação mandibular. Ou seja, as extrusões dentárias posteriores são contra-indicadas em pacientes com excessiva altura facial inferior.
É improvável que os pacientes dolicofaciais, mesmo na fase de crescimento, tenham a capacidade de compensar esta extrusão dentária, pelo crescimento vertical do ramo mandibular, devido às características morfológicas intrínsecas de deficiência da altura facial ântero-posterior destes pacientes. O tratamento de escolha para estes pacientes deve priorizar a intrusão dos dentes anteriores ,de acordo com os padrões estéticos e funcionais de guia anterior, como a linha do sorriso em repouso em relação aos dentes superiores e o mínimo de desoclusão dos dentes posteriores durante as excursões protrusivas mandibulares compatíveis com a inclinação da eminência articular, e um controle excelente da extrusão dos dentes posteriores, para se evitar a extrusão dentária destes dentes.
Provavelmente em pacientes de ângulo médio (mesofaciais) que estejam em crescimento, poderia se utilizar o recurso biomecânico de reversão da curva de Spee inferior e acentuação da curva superior, visto que o crescimento vertical do ramo mandibular compensaria a extrusão dentária posterior.

quarta-feira, 25 de março de 2009

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quinta-feira, 5 de março de 2009

Mordida cruzada

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MORDIDA CRUZADA

MOYERS 9 definiu a mordida cruzada como a incapacidade dos arcos superior e inferior em ocluir normalmente em uma relação lateral, podendo ser decorrente de problemas de posicionamento dentário, de crescimento alveolar ou de uma grave desarmonia entre a maxila e a mandíbula. Segundo ele, alterações das bases ósseas, musculares, dentárias, traumatismos, perda precoce de dentes decíduos, hábitos de sucção e postura seriam alguns dos fatores que levariam à mordida cruzada. Ele ainda as classifica, baseado nos fatores etiológicos, em três tipos, a saber: 1) Dentárias: aquelas causadas por uma inclinação axial lingual de um ou mais dentes superiores; 2) Musculares ou Funcionais: originadas por uma adaptação funcional às interferências dentárias; e 3) Ósseas: decorrentes de alterações no crescimento ósseo, ou seja, crescimento assimétrico da maxila ou mandíbula, ou uma relação anormal entre ambos.
De acordo com WOOD 16, as mordidas cruzadas funcionais podem ser produzidas por: 1) interferências dentárias, 2) distúrbios têmporo-mandibulares e 3) uma assimetria dos arcos superior e inferior.
CHENEY 2 relata que interferências oclusais, ou seja, dentes mal posicionados, sensíveis ou traumatizados, perda prematura de dentes decíduos, dentes decíduos anquilosados, restaurações oclusais falhas e atividade anormal dos lábios levam a mordidas cruzadas funcionais.
O desenvolvimento de uma mordida cruzada é usualmente acompanhado por um desvio da mandíbula para o lado afetado quando do fechamento da boca 7.
A forma mais simples de mordida cruzada observada na dentição decídua ou
início da mista é aquela causada por interferências dentárias, especialmente dos
caninos decíduos 5. Em outros casos, as interferências podem ocorrer durante o processo de ajuste, na região de molares decíduos, mas os princípios básicos para o desgaste são os mesmos para ambas as regiões 5. Estas interferências podem levar a um desvio mandibular lateral e, em alguns casos, protrusivo. Como uma tentativa de se evitar estas interferências, o paciente desvia lateralmente a mandíbula, a fim de encontrar a posição de máxima intercuspidação. Esta mordida é denominada mordida cruzada posterior funcional.
SILVA FILHO e colab. 13, 1986, relatam que ao manipularmos a mandíbula em relação cêntrica, podemos verificar, quase sempre, que o comprometimento do arco superior é simétrico, ou seja, em cêntrica, existe uma mordida de topo bilateral, geralmente com contato prematuro dos caninos decíduos. Como este padrão de oclusão não oferece estabilidade, ocorre desvio da mandíbula buscando uma posição de conforto. Assim, as características desta mordida cruzada são: padrão unilateral, com desvio da linha média e cruzamento de todos os dentes após o canino.
MATHIAS 8, 1984, examinou 300 crianças, no município de São Paulo, com dentadura decídua completa, verificando quadros de maloclusão. No que se refere a mordida cruzada, a prevalência foi de 16,3%, e 75,5% dos casos apresentavam desvio de linha média.
As mordidas cruzadas posteriores não são auto-corrigíveis e se não tratadas, os molares e pré-molares permanentes erupcionam em mordida cruzada 10. KUTIN & HAWES 6 encontraram que de 48 pacientes com mordidas cruzadas posteriores não tratadas na dentição decídua, 44 deles apresentavam os primeiros molares e pré-molares permanentes erupcionados em uma relação cruzada.
WEST 15 encontrou que interferências funcionais não tratadas são mais comuns resultarem em maloclusões de maior complexidade do que qualquer outro tipo de problema na dentição decídua. Segundo ele, os objetivos do tratamento precoce na dentição decídua são: 1) remoção das interferências para a normalização da função e crescimento; 2) manutenção de uma função normal e 3) correção de desarmonias ósseas.
O tratamento precoce através somente do desgaste, ou em combinação com a expansão, é aconselhado para reduzir a prevalência das mordidas cruzadas 5, 6, 14 e, provavelmente, em alguns casos, eliminar a necessidade de tratamento em estágios posteriores do desenvolvimento da oclusão 5.
DISCUSSÃO
As mordidas cruzadas são maloclusões bastante frequentes, causando alterações no perfil do paciente quando não tratadas precocemente, uma vez que elas não são auto-corrigidas com a erupção dos dentes permanentes, como relatado por KUTIN & HAWES 6 e WEST 15.
As mordidas cruzadas funcionais são significativas a medida em que o deslocamento resultante do movimento do côndilo pode alterar o equilíbrio entre forma e função, podendo ser o fator etiológico no desenvolvimento de disfunções da ATM. MYERS e colab.10, encontraram que ambos os valores dos espaços vertical e horizontal medidos entre a cavidade glenoíde e o côndilo, foram significantemente menores no lado cruzado comparado ao lado não cruzado em crianças com mordida cruzada posterior funcional.
O diagnóstico de uma mordida cruzada depende de vários fatores, incluindo avaliação clínica oclusal, avaliação funcional comparando a relação de fechamento cêntrico com a oclusão cêntrica ou posição de máxima intercuspidação e a análise da dimensão do arco dentário que compara, especificamente, a largura de cada arco 13.
Diferentes métodos foram sugeridos para que o equilíbrio oclusal se auto-processe, incluindo a eliminação dos contatos prematuros que levam ao desvio 6, 14, diminuição no tamanho das coroas dos caninos decíduos e planos inclinados nestes dentes 5.
KISLING 5 sugere a confecção de planos inclinados com aproximadamente 45° com o longo eixo axial do dente, nas superfícies vestibular dos inferiores e palatina dos superiores. Além do mais, os planos inclinados oferecem à criança uma oclusão estabilizada na primeira posição de contato, bem como promovem um aumento na largura do arco superior e uma diminuição na largura do arco inferior.
O desgaste funcional pode ser justificado por duas razões: a primeira é que as interferências podem ser tão pequenas que o tratamento com expansor não é necessário; e a segunda, se houver atresia, a combinação do ajuste oclusal com o expansor pode levar a um resultado mais rápido do que a utilização isolada de um deles. Além do mais, a filosofia de desgaste funcional na dentição decídua deve ser mais largamente difundida, devendo ser feito em todos os casos onde uma pequena interferência de cúspide é diagnosticada, de modo a agir tão precocemente quanto possível, a fim de impedir a atresia do arco (processo de crescimento) 5.
Os dentistas não estão familiarizados com este ajuste oclusal e podem se mostrar hesitantes para desgastar de forma agressiva os dentes decíduos até removerem esmalte suficiente, a fim de proporcionar o ajuste do(s) dente(s) envolvido(s). As crianças também apresentam um desgaste natural dos dentes decíduos em um processo de ajuste oclusal natural 1.
Deve ser enfatizado que um minucioso diagnóstico deve preceder o tratamento ortodôntico, particularmente diferenciando entre um dente mal posicionado, alterações ósseas ou na ATM.
Quanto ao tratamento das mordidas cruzadas, todos os autores concordam que o mesmo deve ser precoce e sempre que possível deve-se interceptá-las na fase de dentição decídua, antes que problemas mais graves se instalem nas dentições mista e permanente, dificultando o tratamento posterior 1, 3, 4, 15. Na maioria destes casos, a eliminação dos contatos prematuros, precocemente, principalmente na região de caninos, é suficiente para promover a correção espontânea da mordida cruzada posterior funcional.
CONCLUSÕES
1- A análise funcional da oclusão é uma ajuda válida para o diagnóstico de interferências dentárias que levam a alterações oclusais.
2- Um correto diagnóstico e o conhecimento sobre o crescimento e desenvolvimento infantil capacita o odontopediatra a interceptar as maloclusões em uma idade precoce. A correção dos problemas funcionais permitirão o crescimento e desenvolvimento normais e podem simplificar qualquer necessidade de tratamento ortodôntico futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- BELANGER, G. K - The Rationale and Indications for Equilibration in the Primary Dentition. Quint Int v.23,n.3, p. 169-174, March 1992.
2- CHENEY, E. A. - Indications and Methods for Interceptation os Functional Crossbites and Interlockings. Dent Clin Noth Am, p. 385-401, 1959.
3- CLIFFORD, F. O. - Cross-bite Correction in the Deciduous Dentitions: Principles and Procedures. Am J Orthod, v.59, n.4, p. 343-349, April 1971.
4- GUEDES-PINTO, A. C. - Odontopediatria, 5ª ed., São Paulo, Ed. Santos, 1995.
5- KISLING, E. - Occlusal Interferences in the Primary Dentition J Dent Child v.48,n.3, p.181-191, May/ June 1981.
6- KUTIN, G. & HAWES, R.R. - Posterior Cross-bites in the Deciduous and Mixed Dentitions Am J Orthod v.56, n.5, p. 491-504, Nov. 1969.
7- LEIGHTON, B. C. - The Early Development of Cross Bites Dent Pract v.17, n.4, p. 145-152, Dec. 1969.
8- MATHIAS, R. S. - Prevalência de algumas anomalias de oclusão na dentadura decídua: relação terminal desfavorável dos segundos molares decíduos, mordida aberta anterior, apinhamento anterior e mordida cruzada posterior. São Paulo, 1984. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.
9- MOYERS, R. - Ortodontia, 3ª ed., trad. Décio Rodrigues Martins, Ed. Guanabara-Koogan, 1988.
10- MYERS, D. R.; BARENIE, J. T.; BELL, R. A.; WILLIAMSON, E. H. - Condylar Position in Children with Functional Posterior Crossbites: Before and After Crossbite Correction Ped Dent v.2, n.3, p. 190-194, Sept. 1980.
11- NGAN, P. W.; WEI, S. H. Y.; YEN, P. K. Y. - Orthodontic Treatment of the Primary Dentition J Am Dent Assoc v.116, n.3, p. 336-340, March 1988.
12- SCHRODER, U. & SCHRODER, I. - Early Treatment of Unilateral Posterior Crossbite in Children with Bilateral Contracted Maxillae Europ J Orthod v.6, n.1, p. 65-69, Febr. 1984
13- SILVA FILHO, O. G.; ALVES, R.M.; CAPELOZZA FILHO - Alterações Cefalométricas ocorridas na dentadura mista após o uso de um expansor fixo tipo quadrihélice Ortodontia, v.19, p.22-33, 1986.
14- THILANDER, B.; WAHLUND, S.; LENNARTSSON, B. - The Effect of Early Interceptive Treatment in Children with Posterior Cross-Bite Europ J Orthod v.6, n.1, p. 25-34, Febr. 1984.
15- WEST, E. E. - Treatment Objectives in the Deciduous Dentition Am J Orthod v.55, n.6, p. 617-632, June 1969.
16- WOOD, A. W. S. - Anterior and Posterior Crossbites J Dent Child v.29, n.4, p. 280- 285, 1962.
 
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